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Saturday, December 17, 2011

ARTE TOTALITÁRIA INTERNACIONAL,1919-1939.


Arte da Itália fascista, da Alemanha nazista e da URSS stalinista, c. 1919-1939 e depois. Essa arte, cujo estilo Figurativo foi estabelecido pelos governos totalitários dos países citados, nasceu e floresceu nesses países durante os prolongados períodos das ditaduras totalitárias.

Desde o começo da decada de 1920 ocorreu nos paises europeus a ascensão politica de vários ditadores, como Benito Mussolini (Italia, 1922-1945), Ióssif Stalin (Rússia, 1924-1953), e Adolf Hitler (Alemanha. 1930-1945), sem mencionarmos as cruéis ditaduras em paises como a Hungria, a Romenia e a República Tcheca, entre outros do Leste Europeu. Todos os ditadores perseguiram os artistas de vanguarda, que emigraram em grande número para a França e outros países, como a América. Os que não emigraram tiveram que conformar-se em deixar de ser o que realmente eram, artistas, ou mudar seu estilo para o estilo aceito pelos ditadores, ou seja, a volta ao passado, retroagindo à Arte Figurativa, como aconteceu no seio da arte das vanguardas soviéticas, italianas e alemãs.

Mussolini colocou sua amnte, Margarida Sarfatti, como curadora de mostras representativas da arte italiana como a Bienal de Veneza (1924; 1926). Essa historiadora de arte promoveu os artistas do dito, Novecento italiano (v.), mais de cem, que aderiram às mostras patrocinadas pelo estado. Várias obras desses artistas foram adquiridas por Francisco Matarazzo e hoje pertencem à coleção que deu origem ao Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo [MAC – USP]. Nesse acervo, entre outras obras menores, sobressaem muitas obras de notáveis gravadores como Käthe Kölwitz, entre outros das vanguardas alemãs, artistas que pagaram com o alto preço de suas próprias vidas o custo de se manterem fiéis a seus ideais de liberdade na arte.

Um dos maiores artistas das vanguardas mundiais, Kasimir Malevich, por ocasião de sua visita à Polônia onde foi homenageado com banquete pela vanguarda polonesa, levou quase todas as pinturas que dispunha para o exterior (1927-). Posteriormente, essas obras foram adquiridas pelo Museu Stedelijk (Amsterdã), que detém grande parte dos arquivos dessse notável intelectual. Na sua volta à Rússia Malevich foi obrigado a produzir obras Figurativas: ele, grande pintor, executou retrato seu, que assinou com quadrado negro; e de seu amigo Punin, no estilo medieval, inspirado na obra de Piero della Francesca.

O artista morreu, acho que de desgosto (cancer, 1935), felizmente antes de ver Stalin assassinar todos os seus amigos, entre esses intelectuais, escritores e artistas plásticos soviéticos enviados para os campos de trabalho na gélida Siberia e outras regiões árticas, inclusive Punin, que morreu de frio e desnutrição depois de anos preso no campo de Abez (dez. 1941; 1949 - 30 ago., 1953).

ARTE TOTALITÁRIA INTERNACIONAL: EXPOSIÇÃO ARTE E PODER, EUROPA SOB DITADORES, 1930-1945. A ESTATIZAÇÃO DA POLÍTICA E A POLITIZAÇÃO DA ARTE (Londres, Barcelona e Berlim, 1996). A estética promovida pela Arte Totalitária foi tema da mostra internacional intitulada Arte e poder: Europa sob ditadores, 1930-1945. A Estatização da Política e a Politização da Arte [Art and Power: Europe under Dictators, 1930-1945. The Aesthetisisation of Politics and the Politicisation of Art].

A mostra, inaugurada nas Galerias Hayward (Londres), itinerante ao CCCB - Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (27 fev. – 05 maio) e depois, ao Museu Histórico de Berlim (11 jun. – 20 ago., 1996). A curadoria da mostra foi do renomado professor Dawn Ades, da Universidade de Essex; de David Elliot, Diretor do Museu de Arte Moderna de Oxford; do professor Tim Benton, da Universidade Aberta; do Dr. Iain Boyd Whyte, Diretor do Centro de História da Arquitetura da Universidade de Edinburgo, entre outros renomados historiadores da arte internacional. A exposição foi apoiada pelo comitê de renomados diretores de museus de todas as partes da Europa.

A exposição foi organizada mostrando quatro cidades, começando com a Exposição Universal (Paris, 1937), destacando a extrema competividade dos poderes dos países se enfrentando no campo cultural, com cada pavilhão mostrando o credo particular de seu país, no ambiente belicoso que prenunciava a disputa do poder que se seguiria na Segunda Guerra Mundial. A mostra depois colocou seu foco nas cidades de Roma, Moscou e Berlim, quando incluiu c. de 600 obras de arte, pinturas, esculturas, projetos e modelos arquitetônicos, desenhos, fotografias, cartazes e filmes. Muitos dos projetos e modelos arquitetônicos nunca haviam sido mostrados antes: novos planos de urbanização idealizados pelos ditadores Hitler, Mussolini e Stalin, mostraram que a sua megalomania, sem a menor dúvida, abraçava a arquitetura totalitária de seu tempo. A exposição mostrou como Berlim seria, se Hitler tivesse vencido a guerra; e, em Moscou, a exposição colocou em evidencia vários projetos de arquitetura como o do futuro Palácio das Competições Soviéticas, Metrô, e a Mostra da União de Todas as Agriculturas. Em todas as seções da exposição foi apresentada a arte oficial, patrocinada pelo estado, bem como a arte de oposição e a arte no exílio.

A Arte Totalitária soviética mais reconhecida foi a exercida pelos artistas participantes do dito, Realismo Socialista Soviético (v.), destacado no grupo da Associação de Artistas da Rússia Revolucionária [AKhRR] (Moscou, 1921-) e da sua sucessora, a Associação de Artistas Proletários [AKhR] (Moscou, 1922-1932; v.). Foram mostradas obras dos artistas soviéticos de vanguarda da geração anterior, K. Malevich, V. Tatlin, P. Filonov. que sofreram com o regime, bem com a arte dos artistas oficiais promovidos pelo Realismo Socialista Soviético (v. Arte Degenerada; v. Novecento italiano; v. Grupo Soviético AKhRR e AKhR; publicarei todos 
posteriormente, repetindo o Arte Degenerada (arte alemã no 
período de Hitler, publicado anteriormente). (VS).

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