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Sunday, December 25, 2011

KHLEBNIKOV, Velimir: Viktor Vladimirovich Khlebnikov (1885-1922).

O poeta e escritor russo nasceu em Astrakã e morreu em Santalovo, na província de Novgorod (Rússia). Khlebnikov estudou Filologia, Matemática e Biologia nas Universidades de Kazam e São Petersburgo. O autor russo dedicou-se à Literatura, apresentando nas suas obras iniciais influência Simbolista (1901-1902).

O primeiro mentor intelectual de Khlebnikov foi Yaceslav Ivanov: logo o escritor se encontrou imerso na pesquisa da nova linguagem Zaum [Zaumov], baseada em neologismos. Os escritos de Khlebnikov circulavam de mão em mão nas vanguardas russas, mas permaneciam impublicados. Finalmente Khlebnikov conheceu Vassily Kamensky (1884-1961), escritor que se tornou seu amigo e editor e publicou as primeiras obras: O Mestre e aluno, Obras Reunidas de Velimir Khlebnikov. O escritor lançou o conto Encantamento pelo riso, na antologia do Grupo Literário Russo Hyleae (São Petersburgo, 1910-1913; v.); ele participou com conto do outro livro lançado pelo grupo, Estúdio dos Impressionistas, além da antologia de contos Armadilha para juizes (1910). Khlebnikov publicou o conto A cegonha na obra conjunta dele com Elena Guro (1877-1913) e Vasily Kamensky. Khlebnikov publicou a peça teatral de um ato, Senhor Lênin, um russo futurista, posteriormente encenada sob a direção de Márcia Abujamra na XXI Bienal de São Paulo (21 set. - 10 dez., 1991); e com Alexey Kruchenykh (1886-1968), publicou O Mundo ao Revés (Moscou, 1912), ilustrado por Natália Goncharova, Mikhail Larionov (1881-1964) e Vladimir Tatlin (1885-1953). Khlebnikov publicou Jogo no inferno (1912), ilustrado por Kasemir Malevich (capa); e o manifesto A palavra como tal  (1913), que assinou conjuntamente com A. Kruchenykh, ilustrado por K. Malevich (1878-1935) e Olga Rozanova (1886-1918). Outra obra conjunta homenageou Elena Guro, que faleceu repentinamente (1913): o livro Três (1914), no qual foram reunidos textos de Guro, Khlebnikov e Kruchenykh, ilustrado com desenhos de Guro. Outro dos livros de Khlebnikov foi Uah! Criações 1906-1908 Poemas Selecionados. O escritor publicou a pesquisa sobre o tempo, a qual ele dedicou longos anos de sua vida: Tempo é medida do mundo (1916).

Khlebnikov convidou vários dos artistas mais destacados das vanguardas russas como Olga Rozanova, Vladimir Tatlin, Kasimir Malevich, Natália Goncharova e Mikhail Larionov para ilustrarem as suas obras. Foi Tatlin quem, anos mais tarde, desenhou a ilustração para a capa das Obras Inéditas de Viktor Khlebenikov (1940). O conto Encantamento pelo riso (1910) de Khlebnikov tornou-se o clássico da literatura Futurista russa; o escritor desenvolveu-o em torno do radical da palavra riso (smekh), no poema de liberdade formal e imaginação criadora.

Na outra publicação conjunta do Grupo (Russo) Hyleae, Khlebnikov publicou oconto A Cegonha, cujo tema girou em torno do voo de um pássaro metálico gigantesco, que aterrorizava uma cidade: nele, o autor descreveu recepção na qual compareceu ser extra-terrestre, acompanhado do pintor italiano Rafael (Rafaello Sanzio). Nessa ocasião, certo efeito mágico fez com que objetos inanimados voltassem à vida; nesse conto de construção delirante, o passado convivia com o presente e os objetos inanimados ganharam vida própria e saíram voando. Khlebnikov escreveu esse conto dentro de curiosa e inventiva reversão linguística. Quando Hans Richter filmou Fantasmas antes do café da manhã [Ghosts before breakfast] (Alemanha, 1928, P&B, silencioso, 9', no acervo da MoMA Film Library, Nova York), certamente sua inspiração adveio deste conto precursor de Khlebnikov. No filme objetos inanimados voltam à vida, rebelam-se e saem voando, os chapéus vão parar na cabeça do diretor Richter e de seus amigos vanguardistas, os músicos Paul Hindermith e Darius Milhaud. O filme participou do Festival: Surrealismo, Cinema e Vídeo, no CCBB (Rio de Janeiro, 2002).

No início do século XX, Khlebenikov participou ativamente dos movimentos das vanguardas russas. Antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial, o escritor Futurista italiano F. T. Marinetti visitou a Rússia (jan. - fev., 1914). Khlebnikov publicou manifesto, assinado por vários artistas e escritores das vanguardas russas, como Benedikt Livshits e V. V Mayakowski, todos contrários a visita do escritor e poeta italiano à Rússia.

Quando irrompeu a Revolução Russa (1917), Velimir Khlebnikov associou-se às colunas bolcheviques que percorriam a pé grande parte do país. Posteriormente, o escritor continuou com a vida errante, de andarilho, e cruzou o país a pé. Khlebnikov, mal-nutrido e exausto, morreu aos 37 anos de idade, abandonado na beira de estrada na região desértica de Novgorod (1922). Uma fotografia do artista jovem (1912) se encontra publicada no catálogo da mostra Gráfica Utópica, Arte Gráfica Russa 1904-1942, organizada com a curadoria de Evandro Salles, no CCBB (Brasilia, São Paulo e Rio de Janeiro, 2001-2002).

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