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Saturday, May 26, 2012

BIOGRAFIA: APOLLINAIRE, Guillaume,

Wilhem Albert Wladimir Alexandre Apollinaris de Kostrowitsky (1880-1918).

O notável intelectual de origem nobre polonesa, nasceu em Roma, mas faleceu em Paris; ele tornou- se um dos mais importantes intelectuais na França, poeta, escritor e crítico de arte das nascentes vanguardas. Logo conheceu o grupo que se reunia nos ateliês do Barco Lavoir [Bateau Lavoir], em torno de Pablo Picasso, no duros tempos de início de carreira; período de grande pobreza material, mas aliada à riqueza intelectual dos amigos e vizinhos Max Jacob, Blaise Cendrars e Max Salmon, entre outros artistas e escritores.

Apollinaire escreveu o primeiro artigo sobre Pablo Picasso (1905), que desenhou o seu retrato (1914), reproduzido por PIERRE (1983); foi dele a apresentação no catálogo da mostra Cubista de Georges Braque (1908), realizada na galeria parisiense de Daniel-Henry Khanweiller (v. biografia). Desde o final do século XIX Apollinaire tornou-se colaborador de várias publicações: com André Salmon editou a revista Le Festin D'Esope [O Festim de Esopo] (Paris, 1903-1904); com Alfred Jarry editou a revista Les Marges [As Margens] (1907); com André Billy, René Dalize, André Salmon e André Tuquesq, foi o editor da revista Les Soirées de Paris [As Noites de Paris] (1912-1914); com Blaise Cendrars colaborou em outras publicações européias, como a revista de Almada Negreiros e Fernando Pessoa Portugal Futurista (1915); foi colaborador da publicação de Pierre Reverdy, S.I.C. - Sons, Images et Couleurs, entre outras publicações dadaístas na Alemanha e Suíça, como Cabaré Voltaire [Cabaret Voltaire] (1916). Na revista Les Soirées de Paris, Apollinaire permaneceu colaborando do n. 1 (fev., 1912), ao último número, 26-27 (duplo): a publicação teve que ser interrompida devido à I Guerra Mundial, ultimo n. (julho-agosto, 1914).

O escritor, que amou a bela vida, as damas, a noite e os artistas, foi muito querido e celebrado, por Henri Le Douanier Rousseau, sobre quem publicou as primeiras criticas favoráveis, o mesmo Rousseau que, por sua característica de ser artista dito, primitivo, foi sempre tratado com a mescla de desdém e fina ironia pelo seleto grupo de intelectuais do Bateau-Lavoir, como relatou o seu biógrafo Wilhem Uhde; mas tratado com grande respeito crítico por Apollinaire. Rousseau pintou dois retratos de Apollinaire, sendo que no primeiro ele está acompanhado por sua musa, a pintora Marie Laurencin. Giorgio de Chirico também pintou o Retrato de Apollinaire (1914) com o símbolo do futuro, um peixe peixes, que se encontra reproduzido (PIERRE, 1983); e o Retrato de Apollinaire, por Amedeo Modigliani, encontra-se reproduzido (SEUPHOR, 1963).

O escritor e poeta foi livremente influenciado pela obra de Stéphane Mallarmé, um dos ícones das vanguardas, inspiração para escrever os seus Caligramas [Caligrammes], sua mais notável obra. Os interesses de Apollinaire abrangeram inúmeras artes, como a dita, Negra (v.): ele foi o primeiro a escrever à respeito, no livro conjunto com o negociante de arte Paul Guillaume (1917). Outros interesses manifestos do culto escritor foram as artes divinatórias, esotéricas, mitológicas, etnográficas, bem como a criminologia, o exótico, as viagens e claro, a literatura de alto nível e a erótica.

Foi Apollinaire quem, praticamente, ressuscitou a literatura do Conde de Sade, mais conhecido como o Marquês de Sade, com a republicação de sua obra, acompanhada de notas, biografia e ensaio (Paris, 1909); seu interesse na escrita erótica continuou, ao longo do tempo, ele publicou alguns textos de sua autoria, nos momentos em que teve dificuldades econômicas. Apollinaire formou ampla biblioteca e os artistas, que futuramente formaram o Surrealismo (Paris, 1924), leia-se André Breton e companhia, foram influenciados por seu gosto literário. Apollinaire exerceu grande influência, tanto em Breton como em P. Soupault, que, ainda bem jovens, passaram dois anos visitando assiduamente o escritor, durante o período da I GM. Breton ficou impressionado com a seleta coleção de esculturas de arte, dita, Negra de Apollinaire, que admirou nas suas visitas ao apartamento do escritor, no Boulevard Saint-Germain.

Breton prosseguiu no Surrealismo, dando continuidade à estética original de Apollinaire. Em homenagem à Apollinaire, até mesmo o nome do movimento foi calcado no termo inventado pelo poeta. No primeiro período do movimento Surrealista (1924-1929), Breton ressuscitou todos os autores antigos que Apollinaire apreciou e indicou; Breton apoiou nestes escritores a primeira fase do movimento.

Apollinaire alistou-se e lutou pela França na I GM: foi ferido na frente de batalha e voltou para Paris como herói francês, agraciado com condecoração; morreu jovem, das consequencias da epidemia da dita, gripe espanhola, que grassou logo após a guerra (1918). Apollinaire deixou extensa e original obra, que influenciou muitas gerações das vanguardas artísticas e intelectuais, ao longo de todo o século XX.

Breton considerava Álcools, de Apollinaire, de acordo com PIERRE (1983), como a maior obra poética do século XX; fotos de Apollinaire participaram da mostra póstuma de André Breton, no MNAM-CGP: a fotografia do apartamento, cheio de livros até o teto, no Boulevard Saint-Germain e a foto Apollinaire ferido[Apollinaire blessée] (1916), dedicada à Breton, encontram-se reproduzidas no catálogo da mostra (BEAUMELLE et al., 1991). A capa da revista Les Soirées de Paris, (15 nov., 1913), encontra-se reproduzida (RAGON, 1992).

V. REFERÊNCIAS SELECIONADAS ABAIXO.

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