Translate

Friday, May 25, 2012

BIOGRAFIA: BENOIS ou BENUA, Alexandr Nikolaievich (1870-1960).

O artista plástico, pintor, ilustrador, cenógrafo, figurinista, diretor teatral e escritor russo, foi um dos dos mais destacados artistas das vanguardas no século XX. Benois nasceu em São Petersburgo e morreu em Paris. Sua família tinha origem francesa: seu pai foi o arquiteto da côrte do Czar.

Benois estudou como aluno livre da Academia de Belas Artes (1887-1888); formou-se em Direito na Escola de Jurisprudência da Universidade de São Petersburgo (1890-1894). O artista foi um dos fundadoresdo Gupo do Mundo da Arte [Mir Iskusstva], associado a Léon Bakst (1866-1924) e Sergey Diaghilev (1872-1929). A associação de artistas conseguiu o apoio de alguns riquíssimos patronos, como o comerciante russo Savva Mamontov e a princesa Maria Tenisheva, quando publicaram a revista homônima (São Petersburgo. 1898-1904). Benua expôs anualmente com o grupo (1899-1905); neste período, ele escreveu e ilustrou vários livros, além de editar a revista mensal Tesouros da Arte Russa. Desde o início do século Benois começou a trabalhar como cenógrafo: ele passou à Diretor Teatral na época da estréia da dita, Temporada Russa (Paris, 1907; 1908). 

Benua viveu alguns anos na França (1895-1899), onde adotou o nome de Alexandre Benois; posteriormente ele viveu outro período (1906-1909), quando organizou com Diaghilev os Balés Russos [Ballets Russes] (Paris, 1909-1929). Artista extremamente dotado, Benois desenhou vários cenários para ópera e balé, como para a Semana Russa [Saisons Russes], organizada por Diaghilev (Paris, 1907; 1908). Benois desenhou cenários e ricos figurinos para a ópera Bóris Godunov (1907), com música de Modest Mussorgsky (1839-1881).Benois voltou a Rússia, quando encenou a obra de Alexandre S. Pushkin: O Festim no Tempo da Peste (1914), que dirigiu em conjunto com K. S. Stanislawsky, no Teatro Mariinsky, (Petrogrado, 1914). Benois asociou-se ao Teatro do Ermitage, em São Petersburgo, onde encenou seu primeiro trabalho, A Vingança Amorosa [La Vendetta d’Amore, Mest’Amura], de A. S. Tairov, no Teatro de Arte de Moscou (MChAT I).


Para a Companhia Teatral S. P. Diaghilev (Paris, 1909-1929), Benois desenhou cenários e figurinos para a primeira apresentação do balé O Pavilhão de Armide [Le Pavillon d’ Armide] (1909). Esse balé foi idealizado pelo artista, que escreveu o libreto do drama em um ato e três quadros baseado em Omphalle, de Théophile Gauthier; a música foi de Nicholas Tcherepnin, e a coreografia de Michel Fokine (1881-1942). O balé estreou no Teatro Mariinsky (São Petersburgo, 1907), tendo por regente da orquestra o maestro R. Drigo. O balé foi a primeira obra apresentada pelos Balés Russos. com a regência da orquestra pelo autor da música, Nicolas Tcherepnin, na récita inaugural no Théâtre du Châtelet (Paris, 1909).

Outro balé com desenhos de cenários e figurinos de Benois, foi As Sílfides [Les Sylphides] (1909), com música adaptada do Noturno em Fá Maior (Opus 15), de Frederick Chopin, com arranjo de Igor Stravinsky (1882-1971). Na temporada seguinte Benois criou cenários e figurinos para Gisele (1910), com música de P. Ilitch Tchaikowsky; e, no ano seguinte criou cenários e figurinos para Petruschka (1911), com música de Igor Stravinsky (v. biografia). Benois continuou criando ambientação para um balé anual encenado pelos Balés Russos, como para O Canto do Rouxinol [Le Chant du Rossignol] (1914); e, no ano seguinte, para a ópera Filemôn et Bauci, de Gounod, que estreou em Monte Carlo (1915).  

Logo após a Revolução Russa, através de suas relações nas mais altas esferas sociais e políticas, pré e pós-revolucionárias, Benois foi apontado como diretor do mais importante museu do país o Ermitage, que, devido as circunstâncias se encontrava acéfalo (1918). Benois aceitou e permaneceu no cargo durante poucos anos. Neste período, Benois encenou A Dama de Piche [Pikovaja Dama], de P. I. Caikovsky, no Teatro Mariinsky (Moscou, 1921); e dirigiu As Núpcias de Figaro [Le Noce di Figaro] de P. A. Beaumarchais, no Grande Teatro Dramático (Leningrado, 1926).

Devido ao início da implantação do dito, terror estalinista, Benois fugiu da U.R.S.S. e voltou à França (1926). Tornou-se decorador e cenógrafo importante no cenário europeu, tanto de espetáculos dos Balés Russos, que acompanhou até o final da companhia (1929, última temporada), como criou cenários e figurinos para outras importantes companhias teatrais. Para a Comédia Francesa [Comédie Française], Benois criou os cenários para a peça de Victor Hugo, Ruy Blas (1927). Para os Balés de Monte Carlo, de Ida Rubinstein, produziu a cenografia e figurinos para a Princesa Cisne, com música de Igor Stravinsky e para O Burguês Cavalheiro [Le Bourgeois Gentilhomme] (1932); cenografia para o importantíssimo Bolero (1934), música de Maurice Ravel (1875-1937), que Vaslav Nijinsky (1889-1950), foi o primeiro a coreografar e a dançar e que talvez seja o espetáculo de dança clássica mais conhecido no século XX, encenado no Grand Théâtre (Paris, 1934). Benois criou cenários e figurinos para O Baile de Cadetes [Le Bal de Cadets] (1940) e para o balé Raymonde (1946). Para os Balés do Marquês de Cuevas, Benois criou cenários e figurinos para O Moinho Encantado [Le Moulin Enchantée] (1948); e criou cenografia para o Teatro Scala, em Milão, e para o Royal Ballet, em Londres.

Paralelamente Benois continuou com a carreira de pintor: suas obras participaram das mostras da União de Pintores (São Petersburgo, 1903-1910). O artista tornou-se membro vitalício do Salão de Outono, em Paris. Benois escreveu vários livros: A Escola Russa de Pintura (1916); Reminiscências dos Balés Russos (1941) e Memórias (1960). A sua sobrinha, Nadja Benois, foi mãe do famoso ator russo, Peter Ustinov,  lançado no cinema britânico, mas destacado no cinema internacional.

Desenhos para obras cenográficas de Benois participaram das seguintes exposições póstumas: Mostra do Balé na Suécia (1980); Tesouros do Museu Alexey Bachrusín (Moscou, 1980); Mostra do Balé na Itália (1982); Duzentos anos do Legado Russo– Sueco (Moscou, 1983); Página da História do Balé Russo e Soviético (Grécia,1984; Espanha, 1985); Sipario Teatrale (Itália, 1984); Arte Russa e Soviética: 1870-1930 (Turim, 1989); Rússia 1900-1930; Arte Cenográfica [Rusia 1900-1930, l’Arte della Scena] (Milão, 1990); Arte Russa (Oca, Parque do Ibirapuera, São Paulo, 11 junho -9 set., 2002); Sergey Diaghilev e a Cultura Artística Russa do século XIX e XX, no Museu Teatral Alexey Bachrusín, em Moscou.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, p. 74.

CATÁLOGO. KRENS, T.; GOVAN, M.; GUSEV, V.; PETROVA, E.; KOROLEV, I. WEBER, J.; GRASSNER, H.; LODDER, C.;.WEBER, J. The Great Utopia: The Russian and Soviet Avant-Garde, 1915-1932. Shirn Kunsthalle, Frankfurt: 01-10May, 12992. Stedelijk Museum, Amsterdam; Salomon R. Guggenheim Museum, New York. New York: Salomon R. Guggenheim Museum, Rizzoli, 1992, 732 p.: il., pp. 39-40.


DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1990. 517p, pp. 64-65. (Oxford reference)

GIBSON, M. Symbolism: Figures du Moderne, 1905-1914. Köln: Taschen, 1995. 255p.: il., p. 229.

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 10, 13-16, 22, 25-26, 38, 46-47, 74, 78, 80, 83,113, 125, 169.

No comments: