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Saturday, June 23, 2012

BIOGRAFIA: HONEGGER, Arthur (1892-1955).



 BIOGRAFIA: HONEGGER, Arthur (1892-1955).

O músico e compositor nasceu em Le Havre (França), filho de família protestante suíca; ele estudou no Conservatório Suíço (Zurique, 1909-1911). Quando foi estudar em Paris, Honegger instalou-se em Montmartre, onde passou o resto de sua vida (1913-1955). No Conservatório de Paris Honegger foi aluno de violino de Lucian Caplet; ele estudou Composição com Widor, Gedalge e Vincent D'Indy. Honneger interrompeu seus estudos durante a I Guerra Mundial, quando serviu o exército na Guarda Suíça; mas, posteriormente, voltou a estudar no Conservatório de Paris (1916-).

Desde que Sergey Diaghilev iniciou a Cia. Teatral S. P. Diaghilev (Paris, 1909-1929), tornou-se conhecido na imprensa francesa o chamado o Grupo dos Cinco, músicos russos, integrado por Mili Alekssevich Balakirev (1837-1910), Aleksandr Porfirevitch Borodin (1833-1887), César Antonovitch Cui (1835-1918), Modest Petrovich Musorgsky (1839-1881) e Nicolay Andreevitch Rimsky-Korsakov (1884-1908). Diaghilev apoiou na música desses compositores, as primeiras produções dos Balés Russos.

Logo depois da I GM (1918), Honneger foi atraído pelo clima de renovação musical existente na França, tornou-se amigo próximo de Darius Milhaud e do pianista Andrée Vaurabourg; ele associou-se ao grupo de músicos que ficaram conhecidos como Os Novos Jovens [Les nouveaux jeunes]. Na reunião promovida na residência de Darius Milhaud, os integrantes deste grupo musical apresentaram suas composições no piano, ocasião em que foram ouvidos pelo crítico Henri Collet, que deu o novo nome com o qual o grupo tornou-se conhecido: o Grupo dos Seis [Groupe des Six], que, sob a égide do poeta e artista multimídia Jean Cocteau, incluiu os compositores Georges Auric (1899-1963), Arthur Honegger, Darius Milhaud (1892-1974), Francis Poulenc (1899-1963), Germaine Tailleferre (1892-1983) e Louis Durey, que logo abandonou o grupo sendo substituído por Henri Sauguet (1901-1989). Duas figuras, Germaine Tailleferre e Louis Durey, foram consideradas menores (SHEAD, 1983): a música de Honegger foi considerada por Diaghilev como muito austera e nenhum dos citados compôs música para os Ballets Russes. No entanto, Poulenc, Auric e Milhaud, receberam pedidos de composições para vários espetáculos da Cia. Teatral S. P. Diaghilev. Dois compositores franceses, Erik Satie e Henri Sauguet, esses associados à Escola de Arcueil liderada por Satie, foram absorvidos pelo círculo criativo dos Balés Russos, que também projetou Claude Debussy, Maurice Ravel, Reynaldo Hahn e Florent Schmitt (1870-1958), na primeira leva de músicos franceses.

A pedido de Jeanne Ronsay Honegger compôs uma das primeiras composições para Os ditos Jogos do Mundo [Les dits Jeux du Monde]. Somente depois que Honneger escreveu música para seu primeiro espetáculo de balé Skating Rink [Rinque de Patinação], com libreto de Riciotto Canudo, obra encenada pelos Balés Suecos que apresentou cenários e figurinos de Fernand Léger, balé que Tarsila do Amaral assistiu na estréia (Paris, 1921). A crítica da época escreveu:


[…] título em inglês, tema italiano, balé sueco, música suíça, climax muito parisiense - tudo funcionou às mil maravilhas […]

Os músicos do Grupo dos Seis, compuseram uma única obra conjunta; ficaram conhecidos com as composições musicais criadas para a farsa dançada Os Noivos da Torre Eiffel [Les Mariées de La Tour Eiffel], apresentação dos Balés Suecos [Ballets Suedois] (Paris, 1921), companhia do empresário sueco Rolf de Maré. O libreto foi de autoria de Jean Cocteau e cada um dos músicos compôs uma peça: um a abertura, outro a valsa, outro a quadrilha, e assim por diante. Coube a Honegger compôr a Marcha Fúnebre, nessa farsa dançada, na qual a cenografia foi de Irene Lagut, as máscaras de Jean Hugo e Valentine Gross, as malhas dos figurinos apresentadas como o colante, invenção de Paul Colin. As fotografias do original espetáculo encontram-se reproduzidas (HAGER, 1986).


A música de Honegger tinha acentuada veia lírica e sua originalidade ficou totalmente confirmada quando compôs O Rei David [Le Roi David] (1921), salmo dramático encomendado por René Morax, poeta suíço que tinha criado o Teatro Jorat, em Mezières, perto de Lausanne. Durante os verões, na construção de madeira inspirada nos primeiros teatros medievais ingleses, no meio do campo, organizava-se o Festival de Teatro e Música, que até hoje ocorre no local. Foram apresentadas obras cênicas, com grande reforço coral que, desde o século XVI tornaram popular a expressão dos salmos. O libreto de O Rei David [Le Roi David] foi de autoria de Morat, que deu apenas dois meses para Honneger compôr a música da obra que estreou com dezessete instrumentos e coral para cem vozes. Foi um grande sucessoa estréia em Mezières com cenografia especialmente preparada. Dois anos mais tarde Honegger fez a revisão da obra, ampliando a partitura original (COLI, 2003). A mesma obra foi coreografada por Serge Lifar e levada aos palcos com o patrocínio de Rolf de Maré (Paris, 1921-1922).

Arthur Honegger conquistou ampla divulgação na primeira metade do século XX com seu salmo dramático, como êle mesmo o definiu, seu primeiro grande sucesso. Essa obra (Edição Foetisch), foi recentemente apresentada pela O.S.P., sob a regência de John Neschling, na Sala São Paulo. O programa de concertos da temporada (mar., 2003), reproduziu o texto de Rei David, no original, traduzido na íntegra (Bia Preiss). A formação da orquestra incluiu narrador, atriz, coro, soprano, contralto, tenor solista, duas flautas (um piccolo), dois oboés (um corne inglês), dois clarinetes (um clarone), dois fagotes (um contrafagote), quatro trompas, dois trompetes, três trombones, uma tuba, tímpanos, pratos, bombo, pandeiro, caixa, tam-tam, harpa, celesta, orgão e cordas. A música têm a duração aproximada de 70 minutos.

Outras composições de Honegger para a companhia de Ida Rubinstein, atriz, bailarina e diretora dos Balés de Monte Carlo foram: A Imperatriz nos Rochedos [L'Imperatrice aux rochers] (1927); As Núpcias [Les Noces] (1928); Psyché (1928). E, os balés baseados em libretos do poeta francês Paul Valéry:; Amphion (1931), Semíramis (1934) e O Pássaro Branco [L'Oiseau Blanc], obras encenadas na Sala Pleyel (Paris).

A música de O Cântico dos Cânticos [Le Cantique des Cantiques] (1938), foi criada para Serge Lifar e estreou com a bailarina Carina Ari no papel principal, com cenografia e figurinos de Paul Colin (v. biografia); e O Apelo da Montanha [L'Appel de la Montagne] (1945), O Nascimento das Cores [La Naissance des couleurs] (1949), todas músicas de Honegger compostas para os Ballets da Ópera de Paris.

Honegger foi requisitado para compor música para o nascente cinema francês: ele compôs Cadência [Cadence] para violino e piano, para a fantasia cinematográfica O Boi no Telhado [Le Boeuf sur le Toit], apresentada como Espetáculo-Concerto, de Darius Milhaud e Raoul Dufy (Paris, mar., 1920). Honegger compôs a música para o filme A Roda [La Roue], produzido por Charles Pathé, dirigido por Abel Gance tendo como assistente o poeta vanguardista Blaise Cendrars; atuaram Séverin Mars e Ivy Close (1921). Honegger compôs música para o filme Estupro [Rapt] (1933), dirigido por Dimitri Kirsanov baseado no romance A Separação das Raças [La Séparation des Races] de C.-F. Ramuz, no qual atuaram Jeanne Marie-Laurent, Auguste Boverio, Nádia Sibirskaia e Lucas Gridoux. O filme estreou na Inglaterra, no Cinema Academy (dez., 1934). No mesmo ano Honegger compôs a música para A Idéia [L'Idée], filme de animação criado, dirigido, produzido e fotografado por Bertold Bartosch, sobre gravuras em madeira de autoria de Frank Masereel, produzido pela London Film Society (Inglaterra, 1934).

Honegger produziu a música para outros dois filmes: Cessem o Fogo [Cessez le Feu], dirigido por Jacques de Baroncelli, e Os Miseráveis [Les Misérables] baseado no romance homônimo de Victor Hugo, sob a direção de Raimond Bernard, com produção Pathé-Natan, no qual atuaram Harry Bauer, Charles Vanel, Charles Dullin e Florelle. Estreou na Inglaterra somente a primeira parte deste épico em três partes (101'). Honegger compôs a Suite Sinfônica: Os Miseráveis, apresentada nos Concertos Siohan, na Sala Rameau (Paris, 19 jan., 1935).

Outro filme produzido com argumento baseado no romance Crime e Castigo [Crime et Châtiment], bastante conhecido de Fyodor Dostoievsky, que, dirigido por Pierre Chenal foi produzido pela Cia. Geral de Produções Cinematográficas [Cie. Générale de Productions Cinemátographiques]. Atuaram Pierre Blanchard, Harry Baur e Madeleine Ozeray, entre outros, nesse filme distribuído na pela Film Society (Inglaterra, 1936). Honegger compôs música em parceria com Roland Manuel para outro filme de Jacques de Baroncelli: O Rei da Camargue [Le Roi de la Camargue], no qual atuaram Simone Bourday e Tela Tchai.

Honegger compôs ainda Judith, Fedra [Phaedre], Antígona [Antigone], Joana d'Arc na Fogueira [Jeanne d'Arc au bûcher], A Dança dos Mortos [La danse des morts], A Tempestade [La Têmpete]. Honegger compôs música orquestral, como suas cinco sinfonias, além de música de câmara. A peça orquestral Pacifico 231 (1924), revelou o fascínio do músico pelas máquinas modernas, pois o título refere-se à poderosa locomotiva. Essa música participa do repertório de orquestras no mundo inteiro; foi Shawn quem coreografou primeiro a música de Pacific 231 (1933)(COLI, 2003).

A inovação de Honegger em Joana d'Arc na Fogueira [Jeanne d'Arc au bûcher] (1938), foram papéis falados para alguns personagens, incluindo a protagonista, encarnados por grandes atrizes do século XX, desde Ida Rubinstein, atriz e bailarina que encomendou a obra e a estreou, a Ingrid Bergman, na montagem concebida pelo cineasta e diretor, seu marido, Roberto Rossellini. A. Howard usou algumas peças que Honegger compôs para piano para o musical Lady into Fox levado aos palcos na Broadway (1939).

Honegger compôs a Sinfonia Litúrgica (1946), a Sinfonia dos Treis Reis (1951) entre outras obras. No entanto, Honegger passou no limbo musical os últimos cinquenta anos de sua vida. Apesar de sua projeção, muitos criticaram o compositor: a vanguarda francesa acusava-o de não ser suficientemente inovador. Segundo COLI, 2003:

[…] Na França, forjou-se um trocadilho a seu respeito: On n'est guèrre Honegger, cujo sentido é, aproximadamente Não gostamos muito de Honegger, mas, que dito em voz alta, parece apenas repetir o nome do compositor (Oneguér, Oneguér). Esta desafeição permanece e não se pode dizer que Honegger seja, hoje, um dos favoritos das salas de concerto […]

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers:1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p., pp.

HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 296.

PROGRAMA.COLI, J. Notas do Programa. São Paulo: O.S.P., 2003, pp. 12-53

SHEAD, R. Ballets Russes. 231, 232, 234. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, p.125..

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