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Sunday, July 29, 2012

BIOGRAFIA: BRAQUE, Georges (1882-1963).



BIOGRAFIA: BRAQUE, Georges (1882-1963).  

Nasceu em Angenteuil e morreu em Paris. Foi pintor boxeador, boêmio de bela e atlética presença; tornou-se amigo de Pablo Picasso que encontrou no salão da escritora americana Gertrude Stein (Paris, 1907). A relação de amizade de Braque com o polêmico artista catalão durou somente até o início da I Guerra Mundial (1914). Braque foi convocado, serviu ao país, ficou sériamente ferido e miraculosamente não perdeu a vida. Foi, junto com Picasso, um dos verdadeiros pais do Cubismo.

No alvorecer do século XX Braque foi influenciado pela obra de Paul Cézanne, quando, na companhia de André Derain, pintou as paisagens na região costeira de Estaque e de Collioure, na mesma região onde o mestre de Aix pintou paisagens. O artista mudou a estética de suas obras para o novo estilo Proto-cubista, simplificado e utilizando cores fortes, pintando diretamente na natureza no mesmo espírito da escola do Pleinairismo (Plein- air). Essas obras de Braque são consideradas entre as melhores do pintor, bem como o seu Nu (1908), que homenageou outro mestre das vanguardas, Jean-Dominique Ingres. Essa obra, recusada no Salão dos Artistas Independentes por um júri presidido por Henri Matisse, levou Braque a ser convidado para expôr na sua primeira mostra individual, na Galeria de Arte do marchand alemão Daniel-Henry Khanweiller, o mesmo que, desde o ano anterior, comprou as primeiras obras de Picasso diretamente no ateliê do artista (1907). Com a apresentação do convite escrita por Guillaume Apollinaire, que tornou-se o mais gabaritado crítico da arte das nascentes vanguardas, Braque expôs em Paris (9-28 nov., 1908).

Braque e Picasso passaram juntos alguns verões (1911; 1912; 1913), viajando e pintando em diversas localidades do sul da França. Braque, com sua formação de pintor-decorador, conhecia bem as técnicas de Trompe L'oeil, pintura de imitação que reproduz a ilusão próxima da realidade. Quando o Cubismo passou para o beco sem saída da repetição de sua própria estética, Braque passou a adicionar pequenas superfícies pictóricas nessa técnica, expediente que Picasso imediatamente adotou. Na mesma época, Picasso passou à adicionar materiais que se encontravam jogados no ateliê, acrescentando Colagens na tela, procedimento que Braque tambem adotou (1912). Picasso e Braque participaram de mostra conjunta o primeiro e único Salão de Outono Alemão, realizado na Galeria da Tempestade [Der Sturm], itinerante a Dresden; na Galeria Hans Goltz, em Munique; e depois na Galeria 291, do fotógrafo Alfred Stieglitz, em Nova York.

Braque foi um dos artistas convocado pelo exército francês,bem como Gleizes, Villon, Léger e Metzinger, entre outros vanguardistas; dessa relação, o talentoso escultor Villon (Gaston Duchamp), irmão de Marcel Duchamp, não voltou da guerra (1914-). Braque ficou gravemente ferido, sofreu trepanção craniana e passou um ano hospitalizado, somente retomando sua atividade de pintor posteriormente (1917). A amizade próxima com Picasso rompeu-se durante a I GM.

Braque expôs individualmente na Galeria Léonce Rosenberg, que tornou-se seu novo marchand. No mesmo ano Braque ilustrou com desenhos de inspiração cubista o livro de versos livres e tipografia criativa, As Ardósias do Telhado [Les Ardosies du Toit], de Pierre Reverdy (Paris, 1919).

Braque expôs pinturas no Salão de Outono e no Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1922). Bóris Kochno, acessor do promotor dos Ballets Russes Sergey Diaghilev, apresentou a idéia original que levou-o a montar o balé Os Maledicentes [Les Fâcheux], nome e argumento derivado de comédia de Molière, com música de Georges Auric (v. Grupo dos Seis músicos franceses), coreografia de Léonid Massine, cenários e figurinos de Georges Braque. O balé, cujos personagens atuaram com mímica e acrobacias não fez sucesso junto ao público, mesmo sendo dançado por Lubov Tchernicheva, o bailarino inglês Anton Dolin e Anatole Vilzak. A curta temporada de apenas doze récitas foi realizada no Théâtre du Champs Elysées (Paris, 19 jan., 1924). Os Balés Russos posteriormente reencenaram essa produção (1927).

Os Ballets Beaumont foram organizados pelo conde Étienne de Beaumont, nobre que costumava organizar espetáculos anuais de grande sucesso na sua residência parisiense. O conde organizou os espetáculos que chamou de As Noites de Paris [Les Soirées de Paris], nome da revista publicada anteriormente por Guillaume Apollinaire (Paris, 1912-1914; v.). Vários eventos foram organizados pelos Ballets Beaumont, que, durante quatro temporadas reuniu os melhores artistas das vanguardas parisiense. Foi apresentado o balé Salada [Salade], com música de Darius Milhaud, coreografia de Léonid Massine, cenografia e figurinos de Georges Braque (Paris, 1924-1925).

Braque foi um dos artistas convidados pela Sra. Cutoli para executar desenhos para cartões de Tapeçarias, tranformados em obras têxteis nas Edições Cutoli (1922-1932). Depois de vários séculos de abandono das técnicas da Tapeçaria, foram convidados para execução de obras na técnica têxtil, dita, Gobelin, os artistas das vanguardas francesas Braque, Raoul Dufy, Georges Rouault, André Derain, Pablo Picasso, Fernand Léger, Jean Lurçat, Henri Matisse, Juan Miró e Dunnoyer de Segonzac. As obras foram apresentadas na primeira mostra, enquadradas como se fossem quadros, com a proteção de vidro, lado à lado com a pintura original do artista que inspirou a obra têxtil. A exposição foi itinerante à Galeria Reid e Lefebvre (Londres, Inglaterra), e ao Clube de Arte (Chicago, EUA). A obra que Braque apresentou foi Natureza Morta ao Violão [Nature Morte à La Guitarre] (110 cm x 212 cm, Editions Cutoli, Paris, na Coleção Cutoli).

Em outra fase na carreira as obras de Braque passaram a exposição em importantes instituições culturais, começando com mostra individual no Museu de Belas Artes da Basiléia (Suíça, 1933). O artista foi homenageado com mostra retrospectiva no Salão de Outono (Paris, 1943); participou de mostra conjunta com Georges Rouault na importante Galeria Tate (Londres, 1946); recebeu o Grande Prêmio de Pintura, na Bienal de Veneza (Itália, 1948); expôs no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA, 1949); em Berna e Zurique (Suíça, 1953); foi homenageado com mostra no Museu do Louvre (Paris, 1962); e, no ano em que faleceu, expôs em Munique (Alemanha, 1963).

Braque foi um dos mais destacados vanguardistas franceses; suas obras sofreram modificação nos últimos dez anos de sua vida, impregnadas da contemporaneidade, associada à inclusao da estética do Grafitti nas obras pictóricas.

As obras de Braque: Estaque [L'Estaque] (1906); O Violonista [Le Guitariste] (1914), Barcos sobre a Praia [Barques sur la Plage] (1929); Gesso Gravado [Plâtre gravé] (1948) e O Ateliê [L'Atelier] (1956), encontram-se reproduzidas (SEUPHOR. 1963). O acervo do MAC - USP possue a obra de Braque, Natureza morta (s/d, 54,1 cm x 65,2 cm).

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REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

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