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Sunday, September 16, 2012


BIOGRAFIA: ILINE, Vladimir; Vladimir Serguéiévich Iline (1892-1971).


Ator vanguardista russo, cultor do corpo, pintor e cineasta, Iline aderiu ao sistema do Príncipe Sergey Mikhailovich Volkonsky (1860-1937), que promoveu estudos aprofundados sobre a atuação do ator no palco. Citando ALBERA (2002: 147 n. 399):
Em 1912-13, Volkonsky publicou artigos e livros inspirados na rítmica de Jacques-Dalcroze e do fisiognomonista François Delsarte e traduziu A Arte e o Gesto de Jean di Udine, dalcroziano e bergsoniano, que considera o corpo humano uma máquina cujos movimentos devem ser segmentados. Como revelou recentemente Michel Iampolski, a concepção do ator de Kuleschov provém diretamente de Iline e Gardine. As pesquisas de Iline nos agradavam muito [...] ele era um admirador entusiasmado da escola de Delsarte e [...] a aplicava em nossos trabalhos. Além disso, ele próprio a desenvolveu e aperfeiçoou. [...]
Sergey Diaghilev, empresário da Cia. Teatral S. P. Diaghilev, promotora dos Balés Russos (Paris, 1909-1929), visitou pela segunda vez a Escola Eurítmica de Émile Jacques-Dalcroze (Hellerau, Alemanha, 1912). Diaghilev viajou acompanhado pelo principal bailarino de sua companhia, Vaslav Nijinsky: ambos foram buscar ensinamentos que permitissem completar a encenação do balé A Sagração da Primavera, com música de Igor Stravinsky, cuja coreografia consideraram dificílima. O resultado prático dessa viagem foi que a companhia contratou a aluna de Dalcroze, Miriam Rambert, que se tornou conhecida no mundo internacional da dança como Marie Rambert. Depois que Diaghilev faleceu e a companhia dele se dispersou (1929), Rambert criou o Balé Clube [Ballet Club]; nessa fase, outra das contratadas da companhia russa, a bailarina Ninette de Valois fundou o Balé Vic-Wells [Vic-Wells Ballet]; posteriormente ambos se fundiram para formar o conhecido Balé Sadler’s Wells [Sadler-Wells Ballet], que se transformou e se subdividiu no Balé Real [Royal Ballet] e no Balé Rambert [Ballet Rambert] (Londres). Todas essas companhias de dança absorveram os princípios fundamentais dos Balés Russos, de Diaghilev.

No verão de 1923, o cineasta Sergey Eisenstein e Sergey Tretiakov (1892-1939), conheceram Rudolph Bode (1881-1970), antigo aluno do cultor do movimento, o suíço Émile Jacques-Dalcroze (1865-1950). Bode foi autor de vários livros sobre o movimento, como Ginástica de Expressão [Ausdruck gÿmnastik] (Munique, 1922. 1926) e Antiga e Nova Pedagogia (Breslau, 1923), nos quais, de acordo com ALBERA (2002: 134, n. 230):
[...] repudiava Jacques Dalcroze como partidário de uma "ginástica métrica" [...] e que Bode [...] rejeitou violentamente a concepção "euritmica" deste, depois de ter fundado, em 1921, um ateliê de estudos do movimento humano, em Munique. Bode queria substituir uma "ritmica orgânica" por exercícios que dissociassem os movimentos corporais [...]
Mais tarde Eisenstein defendeu Jacques-Dalcroze, pois considerou-o "orgânico" (Perspectivas, 1929); e, no texto impublicado, O Movimento Expressivo, de Tretiakov e Eisenstein, os autores recorreram com liberdade aos ensinamentos de Bode, que respondia a certos impasses da doutrina Construtivista, tanto no teatro como na dança (1923).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

ALBERA, F. Eisenstein e o construtivismo russo - A dramaturgia da forma em "Stuttgart". Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac e Naify, 2002, pp. 19, 134 n. 220, 147 n. 334.

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 63, 169.

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