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Sunday, September 15, 2013

1913-1915-REFLEXOS DO CUBISMO FRANCÊS E DO FUTURISMO ITALIANO NA RÚSSIA: O CUBO-FUTURISMO RUSSO (c. 1913-1915).

REFLEXOS DO CUBISMO FRANCÊS E DO FUTURISMO ITALIANO NA RÚSSIA: O CUBO-FUTURISMO RUSSO (c. 1913-1915). O Cubismo começou com grande força nas vanguardas francesas (Paris, 1908) e logo depois, o Futurismo italiano marcou presença na arte das vanguardas internacionais, quando surgiu com suas grandes inovações (Milão, 1908; Paris, 1909). Como resultado do intenso intercâmbio das artes russas com as francesas, a mistura das formas do Cubismo francês com as cores do Futurismo italiano, formando o dito, Cubo-Futurismo russo (1912-1915). Na época em que F. T. Marinetti (1876-1944) visitou as vanguardas russas (janeiro – fevereiro, 1914), ele divulgou no país seu primeiro manifesto Futurista, que fora divulgado anteriormente no Brasil (Recife, 1909), na França (Paris, 1909) e nos Estados Unidos (Nova York, 1911), entre outros países. Vladimir Tatlin (1885-1953), arquiteto e músico, foi a Paris acompanhando grupo musical (1912), quando visitou o estúdio conjunto de Georges Braque (1882-1963) e Pablo Picasso (1881-1973). Essa viagem mudou a estética da obra de Tatlin, que, influenciado pelas montagens Cubistas que ele apreciou no ateliê francês, passou a executar esculturas montadas com materiais alternativos. Artistas russos de vanguarda absorveram influências, no convívio com artistas franceses ou estrangeiros radicados na França: Larionov, que organizou a pedido de Sergey Diaghilev (1872-1929) a Sala Russa, no Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1907-1908). Obras das vanguardas francesas foram apresentadas com sucesso e repercussão na mostra A Arte Contemporânea (Moscou, 1913). Entre os maiores expoentes das vanguardas russas, Kazimir Malevich (1878-1935), que pintou no estilo do Cubo-Futurismo logo no início da carreira, antes de amadurecer e descobrir seu próprio estilo e formar o movimento dito, Suprematismo: o Novo Realismo Pictórico (c. 1915-1919). Malevich enviou obras Cubo-Futuristas quando participou do Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1914). Marinetti foi convidado por Nikolay Kulbin (1868-1917) e proferiu palestra na inauguração do Cabaré Cachorro Viralata (São Petersburgo, fevereiro, 1914). O italiano foi duramente criticado na imprensa da época, quando a revista Nov (Moscou, 1914), publicou a carta-crítica, assinada por Vladimir V. Maiakovsky (1893-1930) e Vadim Shershenievich (1883-1942). O escritor italiano educado na França recepcionou toda a intelectualidade russa da época, conforme comprova a fotografia que mostra Marinetti junto com os mais destacados membros das vanguardas russas como Mikhail Larionov, Vladimir Maiakovsvsky, Natália Gontcharova, David e Nicolay Burliuk, Vladimir Tatlin, Benjamim Livshits, Aleksander Drevin, Lyubov Popova e Alexey Kruchenykh, entre dezenas de artistas e escritores: a fotografia se encontra publicada (HULTEN, et al., 1986: 498). Desde essa época, pouco antes da entrada da Itália na Primeira Guerra Mundial, Marinetti lançou alguns manifestos fascistas (Milão, 1913 - 1914). Marinetti lançou outras proclamações favoráveis à guerra depois da ascensão de seu colega de liceu, Benito Mussolini, na política italiana (1922-1944). No entanto, a única visita de Marinetti à Rússia possibilitou o início da integração dos artistas russos com o Ocidente, devido a abertura do mercado de arte italiano proporcionada aos mesmos por Marinetti. Alguns artistas russos aceitaram participar de mostra organizada pelo italiano em Roma. Posteriormente, Natália Gontcharova e Mikhail Larionov expuseram suas obras na mostra conjunta apresentada por Guillaume Apollinaire (Paris, 1914); e a realizada na Galeria delle Due Isole (Roma, 1916). A dupla de artistas divulgou seu Raionismo [Luchism], com obras diretamente inspiradas no Futurismo italiano. Outra influencia dos Futuristas italianos ocorreu no campo fértil das idéias disseminadas na estética das artes e literatura russa, que logo se apropriou da liberdade Futurista e se desenvolveu nesse sentido, apresentando a criação de Livros - Objeto, contando com a participação de vários artistas plásticos como Kazimir Malevich (1878-1935), Olga Rozanova (1886-1918), casada com o escritor e poeta Alexey Kruchenykh (1886-1968), expoente do Futurismo e da linguagem Zaum [Zaumov] (v.) na Literatura russa. O Cubismo obteve importante impulso, à partir da publicação do livro Do Cubismo [Du Cubisme] (Paris, 1912), de autoria dos pintores franceses Albert Gleizes (1881-1953) e Jean Metzinger (1883-1957), professores de arte das artistas russas Lyubov Popova (1889-1924), Olga Rozanova (1886-1918) e Nadeshda Udaltsova (1886-1961), que estudaram na Academia A Paleta [La Palette], de Gleizes e Metzinger (Paris, 1912-1913). A publicação abriu as portas para que outros artistas plásticos escrevessem e publicassem escritos na arte ocidental; a obra citada foi escrita com o intuito de documentar, explicar e divulgar o Cubismo. Um ano depois esse livro, levado na bagagem das artistas russas que voltaram a seu país depois de prolongada temporada na França, foi traduzido para o idioma russo por Ecatarina Guro, irmã de Elena Guro (1877-1913), que, como artista plástica, desenhista, aquarelista, escritora e ilustradora, participou do Grupo Hyleae (1910-1913, v.). O importante grupo de escritores reuniu Vladimir Maiakowsky (1893-1930), Benedikt Livshits (1886-1938), os irmãos David (1882-1967) e Vladimir Burliuk (1886-1917), Alexey Kruchenykh (1886-1968) e Velimir Khlebenikov (1885-1922), artistas, escritores e teóricos das primeiras vanguardas russas. Malevich traçou as origens do seu Suprematismo na produção de cenários e figurinos para a ópera Vitória sob o Sol [Pobeda nad solntsem], quando seus desenhos refletiram a complexa síntese da arte russa com a arte ocidental. A ópera, patrocinada pelo Grupo União da Juventude (v.), foi obra colaborativa de poetas, pintores e músicos e refletiu a influência do Futurismo na arte russa, mostrada no Teatro da Ópera Cômica (São Petersburgo, dezembro, 1913). Depois da Revolução Russa (1917), V. V. Maiakovsky (1894-1930) proferiu a palestra Para as Grandes Massas Trabalhadoras, no Palácio de Inverno (outubro, 1918). Na ocasião, o escritor russo retomou grandes temas artísticos emprestados aos Futuristas italianos. Foi publicado por Maiakowsky, com introdução do coronel Anatoly Lunacharsky (1875-1933), os Fragmentos Revolucionários Escolhidos dos Futuristas (Moscou: Primeira Coleção IMO, 1917). No entanto, os Futuristas soviéticos, que posteriormente formarão o dito, Grupo Comunista-Futurista [KOM-FUT, KOMUNISTY-FUTURISTY] (v.), nunca cessaram de criticar os italianos, rejeitando-os, especialmente depois da associação marcante do grupo de Marinetti com o fascismo de seu colega de liceu, Benito Mussolini (1883-1944). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 76. CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 498, 512-519. ENCICLOPÉDIA.CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, p. 268. KOVTUN, Y. (Introd., documentary material and annotation); BOWLT, J. (Foreword.). The Russian Avant-Garde in the 1920-1930s: Painting. Graphics, Sculpture, Decorative arts from the Russian Museum in St. Petersburg. Bournemouth: Parkstone Publishers. St. Petersburg: Aurora Art Publishers, 1996, 175p.: il., algumas color. pp. 270-273. LUCIE-SMITH, E. Art Today. Oxford: Phaidon Press, 1977. 417p.: il., retrs., pp.100. PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968.

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