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Thursday, December 5, 2013

BIOGRAFIA: BRIK, OSIP Maksimovich (1888-1945).

BIOGRAFIA:BRIK, OSIP Maksimovich (1888-1945).
O escritor Osip Brik, foi membro oficial PC - Partido Comunista e desempenhou papel importante para a arte das vanguardas russas. Desde o início de sua carreira começou sua ascensão no PC (1915-), que levou-o a ocupar altos cargos administrativos. Brik, que tinha aspirações artísticas, se tornou escritor e participou do grupo de escritores soviéticos reunidos na associação OPAÏAZ (v.), que criou diretrizes socialistas para a arte soviética, particularmente devido à publicação do livro de Viktor Sklovski: A Arte como Procedimento [Iskusstvo kak priem] (1917).
Após a Revolução Russa (nov.,1917), Brik tornou-se o principal diretor da IZO Narkomprós (v.), o encarregado pelo PC de conseguir a adesão, ou melhor, a mais completa colaboração dos intelectuais e artistas de vanguarda ao novo regime. Desde a mudança política os artistas haviam adotado posição neutra, não participativa. Brik aproximou-se do poeta e escritor que mais admirava, Vladimir Maiakovsky (1893-1930),que
tornou-se

mais conhecido e divulgado escritor das vanguardas russas e soviéticas: ele conseguiu sua adesão ao programa do PC, juntamente com a colaboração do artista David Shterenberg (1881-1948) e do diretor teatral Vsevolod Meierkhold (1874-1942). A esposa de Brik foi a atriz de cinema Lily Brik (Lilya Urievna Kogan, 1871-1978), por quem Maiakovsky se apaixonou perdidamente. Esse grupo de artistas e intelectuais fundou o grupo KOM-FUT - Komunisty-Futuristy (Comunista-Futurista, Petrogrado, 1919-1921). Os associados publicaram declarações radicais de caráter bastante destrutivo, e, chamados à ordem na reunião com Lênin no Palácio de Inverno, com a presença de seu principal assessor o Coronel Anatoly Lunatcharsky (1875-1933): os artistas solicitaram a transformação de seu movimento em partido político. Foi-lhes explicado que teriam que aderir às rígidas regras que norteavam a fundação de um partido; como os artistas não conseguiram adequar-se as exigências o grupo se dispersou.
 



Brik, no entanto, continuou diretor da IZO, trabalhando dentro da organização na comissão dos MCA - Museu de Cultura Artística; com o final do sistema privado, toda a arte das vanguardas soviéticas ficou sob a tutela estatal. O confisco das coleções particulares de arte que foram estatizadas (1918), dotaram os museus soviéticos de obras internacionais muito importantes, especialmente as pinturas do Impressionismo francês e dos artistas de vanguarda da dita, Escola de Paris: somente um dos colecionadores privados, Ivan Morosov, tinha na sua coleção mais de 50 obras de Pablo Picasso.
 
 
Brik tinha o poder de decisão sobre quais as mostras seriam organizadas e patrocinadas pelo estado russo e tornou-se chefe da comissão encarregada da escolha das obras de artistas russos a serem adquiridas com verbas estatais para os c. de 30 Museus de Cultura Artística (MCA) espalhados pelo país, criados e implantados durante a sua gestão. Devido a esse programa de criação dos MCA, passaram à pertencer aos museus das províncias obras fundamentais das vanguardas artísticas russas, exemplos notáveis do movimento de vanguarda russas desde o começo do século. A arte contemporânea do país ficou com amostragem consistente, distribuída nos vários MCAs.

Brik tornou-se amigo de Alexandr Rodchenko (1891-1956), um dos melhores amigos de V. V. Maiakovsky, que passou a apoiar (1919-). Brik ajudou-o a ascender no poder dentro das organizações culturais estatais, graças à admiração pessoal dele. Rodchenko tornou-se o último diretor dos MCA, membro da nova geração dos Construtivistas soviéticos, em substituição ao representante da velha guarda Wassily Kandinsky (1866-1944), que renunciou e voltou para a Alemanha, juntamente com Marc Chagall (1887-1985), destituído da direção do INKhUK em Vitbsk, em prol da ascensão do novo diretor Kazimir Malevich.(c. 1922-1923).
 Brik iniciou sua carreira como escritor e membro destacado do PC, participante da Sociedade para o Estudo da Linguagem Poética (APOÏAZ). Brik continuou subindo no PC; ele escreveu argumentos para o cinema produzido com financiamento estatal, como para o filme do Promo-Cine Soviético, Tempestade sobre a Ásia [Potomak ChingisKhana] (1928). Esse filme, passado nas estepes da Mongólia, provavelmente baseado na versão conveniente de fatos históricos, contou a luta e a revolta dos camponeses contra o império feudal. Esse filme interessante mostrou de maneira vívida a vida, os hábitos, a religião, os costumes, a arte e música na fria e desértica região. Dirigido por Vsevolod Pudovkin, esse filme foi projetado no festival Cinema Revolução, no CCBB (Rio de Janeiro, mar., 2002). Brik escreveu o libreto da ópera A Música do Contador [Komarinsky Musik] , com música e regência orquestral de de S. A. Samasud, coreografia de P. A. Gusev, encenada no Teatro da Ópera Malyi (Leningrado, 1933).
 
Alexander Rodchenko executou na técnica de Fotomontagem o Retrato de Osip Brik (1924), acreditamos que a perfeita tradução do burocrata Brik, que se encontra publicado (LECLANCHE-BRULÉ, 1991). Outra fotografia reveladora de Brik foi tirada por ocasião de sua visita, na companhia de pequeno grupo de artistas, a Mikhail Larionov, hospitalizado em decorrência de ferimentos recebidos durante a I Guerra Mundial (1915) e que se encontra publicada (KRENS, 1992).
Lily Brik, a jovem esposa do burocrata, tornou-se a paixão de V. V. Maiakovsky, que homenageou-a com os poemas de seu livro a ela dedicado, Para Ela [Pro Eto] (1923). O livro, o primeiro a ser totalmente ilustrado na técnica de Fotomontagem, com fotografias originais recortadas e coladas sobre papel de Maiakowsky e Lily Brik, retocadas com guache por Rodchenko. Os originais foram expostos na mostra com a curadoria de Evandro Salles, Gráfica Utópica, Arte Gráfica Russa, 1904-1942, exposição organizada no CCBB (Rio de Janeiro, out. - nov., 2001). Várias dessas colagens foram reproduzidas com tradução do texto de Paulo Cypriano e publicadas no catálogo da citada mostra (v. FOTOMONTAGEM). Os poemas do livro (dez., 1922 – fev., 1923) foram publicados na revista Lef, do grupo LEF - Frente Esquerdista das Artes (v.). Osip Brik perdeu o prestígio e caiu em desgraça: ele morreu em um dos campos de trabalho, criados por Ióssif Stalin.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, p. 41.
 
CATÁLOGO. Arte Utópica: Arte Gráfica Russa, 1904-1942. Rio de Janeiro: CCBB, 2002, pp. 100-117.
 
CATÁLOGO. Cinema Revolução: a Produção Russa, de 1925 a 1946. Rio de Janeiro: CCBB, 2002.
 
CATÁLOGO. Cinema Russo e Soviético. Cinemateca Brasileira nas manifestações cinematográficas da VI Bienal de São Paulo.  São Paulo: Museu de Arte Moderna, Gosfilmfond, Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, 1961/ 1962.

CATÁLOGO. KRENS, T.; GOVAN, M.; GUSEV, V.; PETROVA, E.; KOROLEV, I. WEBER, J.; GRASSNER, H.; LODDER, C.;.WEBER, J. The Great Utopia: The Russian and Soviet Avant-Garde, 1915-1932. Shirn Kunsthalle, Frankfurt: 01-10May, 12992. Stedelijk Museum, Amsterdam; Salomon R. Guggenheim Museum, New York. New York: Salomon R. Guggenheim Museum, Rizzoli, 1992, 732 p.: il., pp. 40-45.
 
DICIONÁRIO. SCHMIED, W.; WITFORD, F.; ZOLLNER, F. The Prestel Dictionary of Art and Artists in the 20th century. Munich London - New York: Prestel, 2000. 383p.: il., p. 387.

INTERNET. Lily Brik. 1990-2009. IMDb.com.Inc. Disponível em: <http: //www.imdb.com/name/nm0109280/bio> Acesso em 28 jan., 2009.
 


LECLANCHE-BOULÉ, C. Le Construtivisme Russe: typographies et photomontages. Documentation Marc Martin-Malburet. Paris: Flammarion, 1991. 173p.: il., retrs., p. 121.

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