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Friday, December 23, 2011

ZAUM [ZAUNYI IASYK]: LINGUAGEM (RUSSA) TRANSMENTAL (São Petersburgo, 1912-1913).

ZAUM [ZAUNYI IASYK]: LINGUAGEM (RUSSA) TRANSMENTAL (São Petersburgo, 1912-1913).

A influência do Futurismo italiano resultou na evolução consistente para a literatura russa, que criou a nova linguagem Zaum [Zaumnyi Iasyk], dita, Transmental. Essa nova forma da linguagem foi utilizada e popularizada pelos escritos de A. Kruchenykh (1886-1968), que declarou:


[...] não tem sentido... extrai as palavras do nada.[...]

Não era verdade que a linguagem Zaum não tinha sentido: sua escrita revitalizou as raízes arcaicas das palavras do idioma russo, acrescentando-lhes novos afixos. Foi assim que Khlebnikov considerou o material pré-existente na linguagem e relacionou-o com outros aspectos históricos de seu próprio idioma nativo, formando assim novas palavras. O sentido dessas novas palavras sempre transcendia o das palavras originais utilizadas na sua formação, tornado empírico, explorando as mais criativas e diversas possibilidades da gramática e do idioma. O conceito transracional foi associado à espontaneidade da linguagem derivada do automatismo psíquico, que buscou estabelecer o contacto entre o signo e seu referente (POMOSKA, 1972).


Os escritores, liderados por Velimir Khlebenikov (1880-1922), associado aos irmãos David Burliuk (1882-1967), e Vladimir Burliuk (1886-1917), Elena Guro (1877–1913), Benjamim Livshits (18xx-1939) e Vladimir Maiakovsky (18xx-1930), fundaram o Grupo Literário (Russo) Hyleae (v.). Essa associação multidisciplinar, integrada por escritores, artistas plásticos e ilustradores, lançou várias coletâneas de contos, obras conjuntas dos escritores, com influência do Futurismo na literatura russa.

A análise da linguagem poética serviu de base para a linguagem pictórica de Malevich, que adotou o termo Zaum para descrever seu próprio trabalho. Malevich ilustrou com Olga Rozanova o livro de Kruchenykh e Khlebnikov A Palavra como tal [Slovo kak takovoye] (Moscou, out., 1913). A colaboração do grupo continuou na produção da ópera Vitória sob o Sol [Pobeda nad solntsem], para a qual Kruchonykh escreveu o libreto e Mikhail Matiushin compôs a musica. Os costumes desenhados por Malevich foram construções acolchoadas; e, alguns dos cenários absorveram elementos Cubistas reinterpretados, a fim de incorporar idéias russas. Um dos panos de cena reproduziu a pintura do Quadrado Negro de Malevich: o original pertence ao acervo do Museu do Teatro (São Petersburgo). A ópera Vitória sob o Sol foi encenada no Teatro da Ópera Cômica (São Petersburgo, 03 dez., 1913). Posteriormente Oskar Schlemmer, Mestre da Performance, realizou figurinos acolchoados na Bauhaus (Espere pelo meu novo Blog, janeiro, 1912, http://artedaperformance.blogspot.com/).

A artista plástica Olga Rozanova, casada com o escritor e poeta Alexey Kruchenykh, dedicou-se com afinco à produção da arte da escrita manual integrada a desenhos, apresentando imagens gráficas livres, a exemplo da também russa (ucraniana), destaque na arte das vanguardas francesas, Sonia Delaunay. Rozanova ilustrou vários livros de autoria de seu marido, como O ninho do pato das más palavras (1913); e Te Li Le (1914), coletânea de poesias na nova revolucionária linguagem Zaum, que nasceu da influência do Futurismo no idioma e literatura russa.

REFERÊNCIA SELECIONADA:

POMORSKA, K. Formalismo e Futurismo: a teoria formalista russa e seu ambiente político. Tradução de Sebastião Uchôa Leite. São Paulo: Perspectiva, 1972. 173p.: il. (Coleção Debates Perspectiva, v. 60).

V. Referências para as vanguardas russas e soviéticas.

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