Translate

Saturday, February 4, 2012

BALÉ IMPERIAL [BALLET IMPERIAL] (São Petersburgo, 1738-1917).

O Balé Imperial da Corte do Czar russo foi fundado pelo francs Jean-Baptiste Landré, que veio para a cidade de São Petersburgo, onde fundou sua escola de Dança de Salão (1734). Quatro anos depois ele fundou escola para ensinar balé clássico aos filhos(as) dos empregados do Palácio Imperial, que com o tempo se transformou, na Escola de Balé Imperial do Teatro Mariinski, hoje Teatro Kirov (São Petersburgo, 1738-1917).


O bailarino francês Charles-Louis Didelot se radicou em São Petersburgo (1801-): durante dezesete anos (1816-1833), ele se dedicou à reorganização do sistema de ensino de balé russo, lançando os fundamentos do aprendizado rigoroso que destacou mundialmente os bailarinos do Balé Imperial e de outras escolas de dança clássica. Nesse período, a arte do balé clássico declinou nos países europeus (França, Inglaterra e Itália). O Balé Imperial se transformou na verdadeira mania nacional, foi prestigiado pela nobreza da corte russa, pelos oficiais dos regimentos da guarda de São Petersburgo e por escritores e artistas. Pushkin não perdia récita e, inclusive, ficou muito orgulhoso quando seu texto O Prisioneiro do Cáucaso (1823) foi encenado no balé homônimo, criação do bailarino e coreógrafo C-L. Didelot.

Chegou a São Petersburgo a bailarina italiana Maria Taglioni, que foi a primeira a encenar o ballet Chopiniana, mais tarde conhecido no Ocidente como As Sílfides [Les Sylphides] (1837), que recebeu posteriormente arranjos de Igor Stravinsky, encomendados pelos Balés Russos de Sergei Pavlovich Diaghilev (Paris, 1909-1929). Na fase do balé romântico, Taglioni e Carlotta Grisis fizeram muito sucesso quando se apresentaram em Londres.

Na cidade russa se estabeleceram os professores franceses Perrot e Saint-Léon: no entanto, a presença estrangeira mais destacada na Rússia, o verdadeiro elo de ligação direta com seu mestre Vestris e depois com Sergei Diaghilev, foi famoso bailarino e coreógrafo Marius Petipa. Nascido em família de bailarinos (Marselha, França), Petipa se tornou o Maître de Ballet do Ballet Imperial: ele foi despótico, mas, progressivamente, se tornou conservador.

Petipa foi gênio incontestável da coreografia, na fase em que as figuras femininas dominavam o balé e dançavam, quase sempre, nos principais papéis masculinos. Petipa conseguiu que os mais destacados compositores da época escrevessem música de balé diretamente sob sua orientação detalhada, como Puni e Minkus. Nessa fase, os cenários e figurinos dos balés não eram obras de artistas plásticos, mas de simples pintores-decoradores, e não artistas no sentido amplo e verdadeiro do termo, como ocorreu mais tarde.

O grande compositor de música para balé foi P. Ilich Tchaikowsky: ele usufruiu dos benefícios do sistema detalhado que Marius Petipa implantou nos Balés Imperiais. Não causou grande comoção a estréia de seu balé O Lago dos Cisnes [Le Lac des Cygnes] no Teatro Bolschoi (Moscou, 1877). No entanto, essa obra do músico russo se transformou em clássico da dança e foi encenado incontáveis vezes por diversas companhias ao longo de todo o século XX.

A estréia do balé A Bela Adormecida (P. I. Tchaikowsky), causou grande impressão no Teatro Maryinsky (São Petersburgo, 15 e 16 jan., 1890). Uma das mais belas montagens dessa obra, com coreografia original de Marius Petipa e cenários e figurinos luxuosos do maior figurinista e cenógrafo de balé do século XX, o russo Leon Bakst, estreou com os Balés Russos [Ballets Russes] da Cia Teatral S. P. Diaghilev, no grande teatro de 3000 lugares Alhambra (Londres, 3 nov., 1920 - 4 fev., 1921). A produção fracassou, não porque não fôsse exceptional; mas, a capital inglesa havia sido destruída durante a Primeira Guerra Mundial e os londrinos não tinham recursos para irem ao teatro. Depois de 105 récitas o balé encerrou as apresentações com grande prejuízo. Para custear a luxuosa produção, Diaghilev recebeu empréstimo vultoso (10.000 L), que não pôde pagar a Oswald Stohl, que, em seguida, confiscou os cenários e figurinos. O balé completo A Bela Adormecida, nunca mais foi encenado pela companhia do empresário russo. No entanto, seu ato final se transformou no episódio das ditas, Bodas de Aurora, que estreou com os Balés Russos, com cenários emprestados e figurinos adaptados do balé O Pavilhão de Armide [Le Pavillon d´Armide] (Paris, 18 maio, 1922). A obra fez sucesso entre o público parisiense e permaneceu no repertório da companhia, e depois, se tornou clássico do balé, conhecido como Aurora.

A presença do ensino de Marius Petipa durante mais de quarenta anos na escola do Balé Imperial (São Petersburgo, 1847-1910) foi de fundamental importância na transformação em referência de excelência no Ocidente dos Balés Russos [Ballets Russes], da Cia Teatral S. P. Diaghilev. O seu diretor, Diaghilev, que estudou música na Rússia, sempre buscou no seu país os melhores profissionais da dança, sendo que a maioria ele contratou diretamente da escola do Balé Imperial do Teatro Maryinsky. Quando veio do interior para a capital, o jovem Diaghilev foi aluno de Nicolai Rimsky-Korsakov, que gentilmente informou-o que ele não tinha talento suficiente para se tornar músico profissional bem sucedido. No entanto, o conhecimento musical adquirido do grande maestro e compositor russo, foi de grande valia para o estabelecimento da excepcional qualidade musical dos balés criados para sua companhia (Paris, 1909-1929).

Não podemos deixar de mencionar Enrico Chechetti, entre outras grandes estrelas de origem italiana consagradas nos palcos de São Petersburgo como Virginia Zucchi, Pietrina Legnani e Carlotta Brianza. A técnica excepcional de E. Chechetti valorizou a figura masculina, até então secundária no balé russo: ele foi o segundo Maître de Ballet do Ballet Imperial, e, mais tarde, depois de velho, apareceu em papéis como do Mágico, no balé O Pássaro de Fogo, com música de Igor Stravinski e cenários e figurinos redesenhados por Natália Gontcharova (1881-1962), apresentados pelos Ballets Russes na Europa (1914; 1926). No Balé Imperial Chechetti foi professor de Vaslav Nijinski, Anna Pavlova e Tamara Kasarvina: ele criou as coreografias de grande sucesso para o Pas-de-Deux do Pássaro Azul e para Carabosse, papel do balé A Bela Adormecida. Chechetti e sua esposa estabeleceram sua Escola de Balé em Monte Carlo, que também produziu inúmeras estrelas para a Cia Teatral S. P. Diagjilev, sendo a mais destacada delas foi a jovem bailarina de 14 anos de idade, conhecida internacionalmente como Alicia Markova.

O Ballet Imperial forneceu as maiores estrelas do balé que dançaram no Ocidente como Vaslav Nijinski, e sua irmã, a bailarina e destacada coreógrafa Bronislava Nijinska (1891-1972); a grande estrela mundial Anna Pavlova (1882-1931), além de Tamara Kasarvina, bailarinas adoradas pelas exigentes platéias eruditas, francesas e inglesas; além do bailarino e coreógrafo Leonid Massine (1894-1979), do coreógrafo russo Georges Balanchine, fundador do American Ballet (v. no Blog:

http://arteamericanadevanguarda.blogspot.com/),

entre incontáveis estrelas consagradas através dos Ballets Russes.

REFERÊNCIA sELECIONADA:

SHEAD, 1983, pp. 13-14.

No comments: