Translate

Sunday, April 29, 2012

BIOGRAFIA: ERNST, Max: Maximilien Ernst (1891-1976).


O pai de Ernst foi professor de crianças especiais, surdo- mudas, e talentoso pintor amador. Ernst estudou na sua cidade natal Bruhl, próxima à Colônia e foi admitido na Universidade de Bonn, onde ele estudou Filosofia, História da Arte, Direito e Psicologia Criminal (1909-1911). O artista sentiu-se atraído pelo trabalho artístico criado por pacientes psiquiátricos com a expressão pessoal em Escultura e Pintura, além de ficar impressionado com o livro de Hans Prinzhorn, intitulado Imagens dos Loucos Graves [Bildnerei der Geisteskranken], o qual influenciou aos Surrealistas, grupo do qual Ernst participou. Ernst mostrou interesse apaixonado por sonhos e obsessões, Ocultismo e Psiquiatria; ele rejeitava a religião, fato expresso em obras nas quais ele tratou de forma irônica, mas contundente, situações e membros do clero católico.

Ernst conheceu August Macke por ocasião da itinerância da mostra do Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (1912-1913; v.), e das mostras dos Artistas Expressionistas da Renânia (Bonn, 1913). Quando Ernst visitou Paris pela primeira vez, ele conheceu Guillaume Apollinaire e Robert Delaunay (1913).

Durante a I Guerra Mundial (I GM), Ernst e seu irmão Carl foram voluntários no exército: ele foi enviado para a frente de batalha (jan., 1915) e promovido a tenente (1918). Ernst lutou durante quatro anos na guerra e foi ferido: nesse período ele continuou participando de mostras artísticas e enviou suas obras para a mostra da Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1915; v.). O artista visitou James Ensor, em Ostende e conheceu George Grosz e Wieland Herzfelde, artistas plasticos e editores do Dadaísmo berlinense; e visitou Paul Klee, em Munique (1919).

Após a I GM, Ernst se instalou em Colônia, onde foi ativo fundador do movimento Dadaísta na cidade (1919-1921), onde foi organizado o Grupo dos Artistas Radiacais (Colônia, 1919-1921; v.), com Hans Arp, Johannes Baargeld, Otto Freundlich, Franz Seiwert, Angelika e Heinrich Hoerle, entre outros artistas. Ernst participou de eventos e de mostras, tornou-se editor de publicações como Bulletin Dada (único número, 1919); Die Shammade [O Camarada] (único número, 1920), com colaborações de Baargeld, Picabia, Breton, Aragon, Éluard, Soupault, Ribemont- Dessaignes, Grosz e Huelsenbeck; Der Ventilator [O Ventilador] (seis números,1919-1920), com Baargeld e Joos Smets. Ernst publicou colaborações e desenhos em outras publicações alemãs, francesas e belgas, como Documents 34 [Documentos 34](Bruxelas, 1934). Após muitos contactos Ernst voltou a Paris (1921), no ano em que pintou Encontro dos Amigos [Rendez-vous des amis], obra na qual apareceram as figuras dos principais artistas plásticos e escritores do Dadaísmo alemão e francês como Paul Éluard, Johannes Baargeld, Philippe Soupault, Hans Arp, André Breton, Louis Aragon, Giorgio de Chirico, Gala Éluard (depois Gala Dali), Robert Crevel, Robert Desnos e alguns precursores como o escritor russo Fyodor Dostoievsky, entre outros artistas que Ernst admirava. A obra se encontra reproduzida em vários livros, inclusive em BIRO (1991).

Ernst pintou a considerada como a mais intrigante de suas obras e das mais interessantes do movimento Surrealista: O Elefante Celebes [L'Éléphant Célébes] (1921), adquirida por Paul e Gala Éluard (depois Gala Dali), cuja reprodução se encontra publicada (GAUNT, 1972). Ernst enviou esta obra para sua primeira mostra individual de pinturas (Paris, 1921), cujo catálogo foi produzido com texto de apresentação de André Breton, na Galeria Au Sans Pareil (1921). Ernst foi impedido pelas autoridades de sair da Alemanha para a França para a inauguração da mostra; ele, posteriormente viajou para a Ásia, e, de lá voltou à França, onde montou o seu primeiro estúdio (Paris, 1924).

Ernst criou, juntamente com Joan Miró, os cenários e figurinos de Romeu e Julieta para os Balés Russos de Sergei Diaghilev; balé com libreto de Jean Cocteau e música do inglês Constant Lambert, anteriormente denominada Adão e Eva, que estreou em Monte Carlo (1926).

Ernst tornou-se um dos expoentes e fundadores do movimento do Surrealismo, juntamente com seu principal mentor, André Breton; ele foi influenciado por Hans Arp, Francis Picabia, e Giorgio de Chirico. No início do movimento Surrealista Breton admirou Ernst e o apoiou nas suas ideas. Ernst foi dos principais expoentes Surrealistas nas Artes Plásticas francesas; posteriormente ele afastou-se do movimento (1924-1938).

Ernst foi completamente antireligioso e pintou A Virgem corrigindo o Menino Jesus assistida por três testemunhas: André Breton, Paul Éluard e o pintor (1926, na Coleção M. Krebs, em Bruxelas). A pintura mostra, em primeiro plano, Nossa Senhora espancando o menino Jesus, de bruços sobre seus joelhos: ao fundo, entrevistos por abertura em muro vemos os perfis de Breton e Éluard. Este quadro se encontra reproduzido (BIRO, 1982; e PIERRE, 1992).

Ernst atuou no papel de chefe dos bandidos no filme de Luís Buñuel e Salvador Dali, A Idade de Ouro [L'Age d'Or] (1930, FR), considerado antireligioso e amoral; ele atuou no filme de Hans Richter, Do Dadá ao Surrealismo 40 anos de Experimentação [From Dada to Surrealism 40 years of experiment] (1961, Suíça, P&B e C, S, 62'), no qual Richter compôs montagem cinematográfica com vários trechos de filmes de arte destacados em ambos os movimentos. Os filmes citados foram projetados no Festival Surrealismo, Cinema e Vídeo, no CCBB - Centro Cultural Banco do Brasil, 2002.

Nasceu o filho de Ernst, Jimmy Ernst (Colônia, 1920-), que emigrou para os E.U.A., país no qual se tornou artista conhecido. Ernst viveu com várias mulheres: Berthe Aurenche (1927) que, após seu divórcio e durante a Segunda Guerra Mundial foi a última companheira do artista de origem judaica, Chaim Soutine. Na Europa Ernst viveu com as destacadas artistas Surrealistas, Leonor Fini e Leonora Carringhton; depois que ele emigrou para os EUA o artista casou-se com Peggy Guggenheim, época em que viajou bastante No entanto, este não foi seu ultimo casamento: Ernst divorciou-se de Peggy c, de dois anos depois, e foi viver com a pintora Surrealista Dorothea Tanning (1942), com quem se casou, em cerimônia dupla com Man Ray e Juliet Browner (1946). Ernst viveu com Tanning até o final de sua vida: o casal foi morar em Sedona (Arizona).

Na fase americana Ernst foi bastante inventivo e criativo, mas não conseguiu o reconhecimento que desejava, dos grandes museus, instituições e colecionadores americanos. O artista voltou a Europa nos anos 1950, quando, na comemoração ao seu 60º aniversario, sua cidade natal, Bruhl, organizou mostra retrospectiva de suas obras.

Ernst naturalizou-se francês (1958); após inúmeras homenagens expondo em mostras internacionais, Ernst recebeu o Gande Prêmio de Pintura na Bienal de Veneza (1954); o artista foi homenageado com retrospectiva no MNAM (Paris, 1959). Ernst e Tanning foram viver no sul da França (1960); ele publicou Escritos [Écrits], de toda sua obra escrita (1970). Ernst foi homenageado com grande retrospectiva nas Galeries Nationales du Grand Palais (Paris, 1975). Na véspera do seu 85O aniversário, Ernst faleceu de infarto (1º abr., 1976), .

Ernst publicou três romances produzidos com criativas colagens: o primeiro foi A Mulher 100 Cabeças [La Femme 100 têtes] (1929). Este livro incomum foi inspiração para o músico americano Georges Antheil, que conviveu com as vanguardas francesas em Paris, que ilustrou-o musicalmente com cinquenta prelúdios, poemas musicais, que formaram o tema para espetáculo de dança moderna, na década de 1930 produzido, coreografado e dançado por Martha Graham. O segundo livro produzido na técnica de Colagem [Collage] por Ernst, foi História de uma Jovenzinha que queria em entrar para o Carmelo [Histoire d'une petite fille qui volut entrer au Carmel] (1930); o terceiro foi Uma Semana de Felicidade [Une semaine de Bonté] ou Os Sete Elementos Capitais [Les Sept Elements capitaux] (1934). Ernst se tornou um dos um dos mais prolixos escritores ligados a este movimento: ele publicou artigos nas revistas do movimento surrealista e o seu Tratado da Pintura Surrealista [Traité de la Peinture Surrealiste] (1935).

Pintura bastante significativa de Max Ernst, pertence ao acervo do MAC - USP: seu Quadro para Jovens (1943, óleo/ tela, 60,2 cm x 75,5 cm). Outra pintura de Ernst homônima, Pintura para Jovens (1938, na Coleção Menil, Houston, Texas), participou da mostra retrospectiva de André Breton, no MNAM em Paris. O retratode André Breton (desenho a tinta, 40,5 cm x 31 cm) de Ernst, bem como a fotografia da inauguração da primeira mostra de Ernst na Galeria Au Sans Pareil (Paris, 1921) e a belíssima fotografia de Ernst por Man Ray, encontram-se reproduzidas no catálogo da mostra (BEAUMELLE, 1991). O famoso quadro em que Ernst pintou os Dadaístas, Ao Encontro dos Amigos [Au Rendez-vous des amis] (1922, óloe/ tel, 30 cm x 195 cm) e algumas obras conjuntas com Hans Arp, da série Fatagaga, que apresentou colagens mixtas, encontram-se reproduzidas à cores (GIBSON, 1991) e várias obras reproduzidas em B&P (ADES, 1978); a pintura na técnica de gotejamento, precurssora do Expressionismo Abstrato Norte-Americano, Cabeça de Homem Intrigada pelo Voo de uma Mosca não Euclidiana [Tête de l'Homme intriguée par le vol d'une mouche non Euclidian] (1942–1947), encontra-se reproduzida (RAGON, 1992). A obra A Fonte [La Font] (1925, Coleção da Galeria Isy Brachot, Bruxelas- Paris), encontra-se reproduzida (ADES, 1978); a obra O Rei Brincando com a Rainha [King playing the Queen] (1944, no acervo do MoMA, em Nova York), encontra-se reproduzida (LUCIE-SMITH, 1977).


No comments: