Translate

Friday, May 25, 2012

BIOGRAFIA: DELAUNAY, Robert (1885-1941).

O artista nasceu em Paris mas morreu em Montpellier; durante dezessete anos Delaunay trabalhou em ateliê de pintura decorativa. O artista começou a pintar nas  férias, sob a influência de Paul Gauguin (1848-1903) e da Escola de Pont-Aven (1888-1889; v.). Na companhia de seu amigo Guillaume Apolinaire (1880-1918), Delaunay visitou o ateliê de Wassily Kandinsky (Munique, 1866-1944). As pinturas de Delaunay, entre obras de outros artistas das vanguardas francesas, participaram da segunda mostra organizada por Kandinsky para o Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (1912; v.). Delaunay se casou com a artista que nasceu na Ucrânia, quando este território pertencia à Rússia, Sonia Terk, que viajou para Paris na companhia do negociante de quadros Wilhem Uhde.

O casal Delaunay passou prolongada temporada vivendo em Barcelona, onde recebeu as vanguardas do Grupo (Espanhol) do Ultraísmo. O casal voltou a viver em Paris (1919-). Na cidade-luz os Delaunay se tornaram locomotiva das vanguardas francesas, organizando encontros na sua residência, em homenagem a intelectuais como Guillaume Apollinaire, Pierre Soupault, André Breton, Louis Aragon, Tristan Tzara, Blaise Cendrars e Jean Metzinger, entre outros. Delaunay pintou o retrato de vários artistas e escritores de vanguarda.

As pinturas do artista foram inicialmente associadas ao Cubismo, pois Delaunay participou das mostras coletivas do Grupo do Cubismo da Seção de Ouro [Section D'Or], que inaugurou a primeira mostra com a publicação do único número da revista homônima, na Galeria La Boetie (1911). Robert Delaunay liderou o Grupo do Orfismo, denominação recebida de G. Apollinaire, nome inspirado no culto prestado a Orfeu. Quando Appolinaire rompeu seu romance com Marie Laurencin por pressões familiares, ele passou temporada abrigado pelo casal Delaunay no ateliê da rua des Grands Augustins (1912).

A pintura de Delaunay, Janelas simultâneas, participou de mostra no Salão dos Independentes (20 mar., 1912). Apollinaire publicou o primeiro texto importante de autoria de R. Delaunay, Realité peinture pure, na revista que ele editou, Les Soirées de Paris (dez., 1912). Delaunay expôs pinturas na mostra individual na Galeria da Tempestade [DerSturm]  (jan., 1913), sendo o texto de apresentação do convite escrito por G. Apollinaire. No mesmo ano Delaunay expôs A Equipe de Cardiff [L'equipe de Cardiff] (1912-1913, MNAM, Paris) no Salão dos Artistas Independentes (1913).

As composições Cubistas de Delaunay evidenciavam curioso desenvolvimento espacial, pois o pintor utilizou vários elementos arquitetônicos e decorativos como janelas, gradis, parapeitos e cortinas, que deixavam entrever partes da paisagem, quase sempre com símbolos parisienses como a Torre Eiffel, como que vistas da janela, mas com originais distorções e encadeamentos. Delaunay acrescentou toda a dinâmica das cores decompostas nas suas pinturas, depois que estudou o efeito da luz sobre a decomposição prismática das cores de acordo com a teoria de Eugène Chevreuil, publicadas no livro Lei dos Contrastes Simultâneos de Cores (Paris, 1838). Delaunay chegou, de forma original à Abstração pura, na série de obras intitulada Discos simultâneos e Ritmos Circulares.

Delaunay produziu grandes murais abstratos, muito coloridos (1930-): ele  participou com imenso sucesso da Exposição Universal (Paris, 1925; 1937). onde montou grandes estruturas espaciais. Na primeira metade do século XX, Delaunay foi um dos artistas franceses de vanguarda mais ativos e apreciados: ele morreu depois de período de exílio na Suíca, país onde ele e sua esposa Sonia se abrigaram para escaparem da Segunda Guerra Mundial. A fotografia da obra precurssora de Robert Delaunay, o primeiro Disco (1912) e as suas Formas Circulares Sol – Lua [Formes Circulaires Soleil - Lune] (1912-1913), bem como sua fotografia no seu ateliê se encontram reproduzidas (RAGON, 1992).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 660.

LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R.  Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs., p. 288.

LUCIE-SMITH, E. Art Today. Oxford: Phaidon Press, 1977, 417p.: il., retrs., p. 488, 21,5 x 26,5 cm.

NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il. p. 68.

RAGON, M.. Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., pp. 13, 22, 47.

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957, 305p.: il.,  pp. 156-158.

No comments: