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Wednesday, November 14, 2012


 
HISTÓRIA DAS VANGUARDAS RUSSAS E SOVIÉTICAS.
BIOGRAFIA:VRUBEL, Mikhail Mikhailovich (1856-1910).

 

O artista plástico multimídia, nasceu em Omsk e morreu em São Petersburgo: ele estudou arte na Escola de Desenho da Sociedade de Promoção Artística (São Petersburgo, 1867-1869). Desde o início da década 1880 o artista frequentou o ateliê de P. P. Cistiakov na Academia de Belas Artes, bem como o curso de aquarela no ateliê Ilia Repin (1844-1930). Vrubel formou-se em Direito (1884-1889), mas logo foi trabalhar na restauração dos afrescos da Igreja de São Cirilo (Kiev). No local, Vrubel executou seus primeiros afrescos: ele recebeu o título de Pintor Acadêmico (1905).

Vrubel ficou conhecido depois da pintura Demônio Sentado que os críticos mais conservadores destestaram. No entanto o mecenas Savva Mamontov celebrou a arte inovadora de Vrubel e fascinado, convidou-o para tornar-se cenógrafo e figurinista da Ópera Privada Russa (1890-). Vrubel passou a viver na Colônia de Artistas Abramcevo, escola com moradia que reuniu grandes artistas russos na propriedade do mecenas. Vrubel desenhou murais para seu palacete, e, como seu colega Viktor Simov, passou a criar cenários e figurinos para o Teatro da Ópera Privada Russa, pertencente ao mecenas.

A primeira obra cenográfica de Vrubel foi Saul (1889); ele realizou os cenários e figurinos para Hansel e Gretel (João e Maria, 1895-1896), ópera em três atos com música de E. Humperdinck e libreto de A. Wette, irmã do compositor, com produção de S. I. Mamontov, encenada no Teatro Panaevsky, que itinerou em turnê por várias cidades. Vrubel criou a cenografia e figurinos para Rogneda, de A. N. Serov; para a ópera Sadko, uma das mais tradicionais óperas russas, com música de Nikolay Rimsky-Korsakov (v. Grupo dos Cinco). Vrubel criou cenários e figurinos para A Esposa do Czar (Caskaia nevesta, 1899), ópera em quatro atos com música de Nikolay Rimsky-Korsakov, com libreto do compositor sobre o drama de L. A. Mei, com cenas acrescidas por I. S. Tiumenev. O maestro que regeu a orquestra na estréia para a mesma companhia foi M. M. Ipolitov-Ivanov, destacado aluno de Rimsky-Korsakov, sendo a ópera dirigida por V. P. Shaker e M. V. Lentowsky: o papel de Marfa, foi interpretado por N. I. Zabela Vrubel, esposa do artista. Vrubel também trabalhou na montagem de O prisioneiro do Cáucaso [Kavkazky plennik] de C. A. Kiui; ele criou a cenografia e figurinos para Czar Zaltan [Zar Zaltan], outra ópera tradicional russa, efetivamente realizada por A. M. Vasnecov, mas com a reprodução dos desenhos de M. M. Vrubel.

Vrubel participou do Grupo Mundo da Arte (Mir Iskusstva,São Petersburgo, 1898-1904; 1910-1924), organizado por Sergey Diaghilev e Alexandre Benua (Benois), artistas destacados nas vanguardas russas, O grupo reuniu os principais pintores russos, que se tornaram conhecidos no Ocidente como cenógrafos e figurinistas dos Balés Russos, organizados por Diaghilev (Paris, 1909-1929). Vrubel participou de várias mostras anuais da primeira fase do grupo (1900-1906), quando a associação de artistas publicava a revista homônima (1898-1904). Vrubel foi viver em Moscou: ele participou das mostras da Associação de Artistas Moscovitas (1901-1903) e da União dos Pintores (1903).


Nas Artes Plásticas, as mais conhecidas pinturas de Vrubel são as quase Abstrações que o artista realizou com tema do Demônio, baseado nos poemas de Mikhail Lermontov. Nessas obras Vrubel misturou pó de bronee a tinta a óleo, obtendo efeito brilhante luminoso furta-cor. Na época as pinturas de Vrubel não ficaram conhecidas no leste europeu; porém, mais tarde, o artista plástico foi citado por Naum Gabo (1890-1977) como


 […] o Cézanne russo […]

Vrubel foi um dos artistas que mais influenciou sua geração, inclusive a artistas como Wassily Kandinsky (1866-1944) e Kasimir Malevich (1878-1935), que iniciaram suas obras pictóricas baseadas no Figurativismo de raízes populares e folclóricas russas, estilo no qual Vrubel pintava. As poderosas imagens do artista baseadas nas lendas folclóricas russasnasceram na época do Simbolismo; as obras de Vrubel são plenas de referências ao passado histórico, antigo e bizantino, que impregnava a cultura russa. O artista recriou na obra, através da pintura elaborada de estranhos e ricos mosaicos, que imediatamente nos recordam a ancestralidade de impressão telúrica, como corte na rocha bruta, mostrando a imagem do terreno formado por camadas sucessivas de fósseis e minerais, criando riquíssimo pano de fundo Abstrato para a liberdade fluida de suas figuras fantásticas.

Vrubel pintou seu Demônio, em formas sugeridas e delineadas, reduzidas a leves alusões transparentes e transcendentes, do misticismo obcecado pela figura de ser andrógino, pleno de magia, humanizado, mas apresentando deformações abstratas. Vrubel pintou obssessivamente durante 15 anos o tema do Demônio, que mostrou-se quase oculto nas pinturas, devido a multiplicidade dos planos fragmentados apresentados na obra fantástica do artista. No entanto, esta obssessão continuada foi-lhe absovendo a lucidez, tornando a personalidade do artista a mesma pasta indistinta expressa por sua matéria pictórica: na sua tragédia pessoal, ele enlouqueceu (1902), ficou cego (1906) e faleceu (1910). No entanto, enquanto Vrubel esteve internado no manicômio, sua lucidez voltou durante curtos e intermitentes períodos: nessas fases, Vrubel pintou sua obra mágica. O artista declarou seu desejo de
 
[…] elevar a alma, através de imagens grandiosas, para além de toda a miséria do dia a dia […]

As visões pintadas pelo artista nas suas alucinações pictóricas refletiram o espírito do decadentismo Simbolista, vigente na sua própria época. As pinturas de Vrubel, Demônio Sentado (1890); Demônio (1901) e Princesa Cisne (s/d), encontram-se reproduzidas (PIERRE, 1991); as obras Demônio Vencido e seu Auto-Retrato (1904), se encontram reproduzidas (CASSOU, 1988).


Os desenhos de Vrubel para várias de seus cenários e figurinos participaram das mostras póstumas Tesouros do Museu Bachrusín (Moscou, 1980), da exposição Pelo centenário da Ópera Privada Russa de S. I. Mamontov (Colônia Abramcevo, 1985); O pintor e o teatro no século XX, mostra inaugurada em Frankfurt (Alemanha), itinerante a Avignon (França,1986).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS;


CATÁLOGO ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, p. 62.

CASSOU, J.; BRUNEL, P.; CLAUDON, F; PILLEMONT, G.; RICHARD, L. (Col.). Petite Encyclopedie du Symbolisme: Peinture, Gravure et Sculpture, Littérature, Musique. Paris: Somogy, 1988, pp. 146-148.
 
 
GIBSON, M. Symbolism: Figures du Moderne, 1905-1914. Köln: Taschen, 1995. 255p.: il., p. 243.

 
PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, pp. 80, 176.
 

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