BIOGRAFIA: ROZANOVA, Olga Vladimirovna (1886-1918).

BIOGRAFIA: ROZANOVA, Olga Vladimirovna (1886-1918).

A artista russa de origem nobre, nasceu em Melenki, província de Vladimir e morreu em Moscou. Rozanova tornou-se artista multimídia: ela foi pintora, ilustradora, poetisa, escritora e crítica de arte das nascentes vanguardas russas além de organizadora de mostras. Rozanova foi viver em Moscou (1904-), quando ingressou na Escola de Arte Bolshacov; a artista frequentou o Instituto Stroganov de Arte Aplicada e o Ateliê de Konstantin Yuon, ambos considerados os mais conhecidos centros russos de ensino artístico. A artista passou o verão na Dacha de sua família, em Vladimir. Em São Petersburgo Rozanova conheceu o músico da corte do Czar, futuro editor e teórico da arte das vanguardas russas Mikhail Matiushin (1861-1934) e sua esposa, a artista plástica, ilustradora e escritora Elena Guro (1877-1913), bem como Nicolay Kulbin (1882-1963) e Velimir Khlebenikov (1885-1922).

Rozanova frequentou a Escola de Belas Artes Zvantzev (1911) e depois estudou um ano em Paris, juntamente com outras artistas russas (1912-1913). Rozanova voltou à Russia com a influencia do Cubismo na bagagem, o que resultou no movimento russo do Cubo-Futurismo, do qual ela, seu futuro mestre Kazemir Malevich (1878-1935) e Nadeshda Udaltsova (1885-1961) se tornaram os principais expoentes. Rozanova participou ativamente como organizadora da associação de artistas União da Juventude (São Petersburgo, 1910-1917). A artista escreveu e publicou artigos sobre poesia, artes, escultura e música, bem como lançou alguns manifestos de sua autoria. Rozanova participou das mostras do grupo União da Juventude [Soyuz Molodeshi]. Rozanova conheceu Alexey Kruchenykh (1886-1928), poeta Futurista, que posteriormente tornou-se seu marido (1916). Obras de Rozanova participaram da mostra seguinte do União da Juventude, quando foi lançado e lido seu manifesto As Bases da Nova Criação e As Razões Para Sua Incompreensão (1913), que, além de publicado, foi distribuido no debate público realizado no Teatro Trotsky (São Petersburgo, 1913). Neste mesmo ano Kruchenykh apresentou-a a Kazemir Malevich, artista do qual Rozanova tornou-se amiga e discípula até o final de sua vida.

Rozanova foi influenciada pela obra de Malevich e ambos pintaram no estilo dito, Cubo-Futurista, com elementos fragmentados. Neste período de imensa criatividade, a artista passou a escrever poesias. A obra escrita de Rozanova, aproximou-se dos conceitos da linguagem Zaum de N. Kruchenykh e das obras pictóricas da fase alógica de K. Malevich. Rozanova ilustrou vários livros de seus amigos Khlebenikov e de Kruchenykh; a artista escreveu poemas na linguagem transmental Zaum, que se situava para além da razão e da inteligência, invenção das vanguardas russas. A vertente dos escritos na linha transmental adotou as experiências emocionais expressas através de linguagem de expressão livre, resultante da influência do Futurismo italiano de F. T. Marinetti, que anteriormente inventou as Palavras em liberdade, sob a influência dos escritos anteriores do francês Stéphane Mallarmé.

 

Pinturas de Rozanova participaram das mais importantes mostras das vanguardas russas como a Bonde V, Primeira Mostra Futurista (1914); da importante coletiva 0:10, Última Exposição Futurista, ambas organizadas por Ivan Puni (1894-1956), mostra que lançou as obras alógicas de K. Malevitch (S. Petersburgo, 1915). Rozanova participou da exposição da Oficina de Arte de Nadesha Doubchyna (Petrogrado, 1916) e da última mostra do União da Juventude (1917).

Rozanova participou do grupo Supremus (1915-1916), organizado por K. Malevich, juntamente com outros artistas como Ivan Kliun, Mikhail Menkov, Liubov Popova, Vera Pestel, Aleksandra Ekster e Nadeshda Udaltsova. A artista ilustrou vários livros nas técnicas de colagem e fotomontagem, favorecendo a estética dita, Suprematista. Foi nesta época que Rozanova casou-se com Nicolai Krutchenykh (1916). Entusiasmada com o advento da Revolução russa, Rozanova engajou-se em vários grupos de trabalho e na organização de seu novo grupo artistico, a União dos Pintores de Moscou. Rozanova trabalhou para o governo russo na IZO NARKOMPRÓS(1918-1919), onde, Rodchenko dirigiu o departamento dos MCA - Museus de Cultura Artística, e, em conjunto com ele, participou da criação dos SVOMAS - Ateliês Livres Estatais, voltados para a pesquisa da nova arte dita, Produtivista, aplicada ao Desenho Industrial de objetos utilitários de uso cotidiano como cerâmica e estamparia de tecidos, entre outros (Moscou, 1917-1918).

 

Olga Rozanova morreu subitamente de difteria, em Moscou (18 dez., 1918). Logo após sua morte foram-lhe dedicadas várias mostras póstumas. As obras de O. Rozanova participaram da I e da X Mostra Estatal (1918; 1920), da I Mostra Estatal do Museu de Arte e Ciências (Kazam) e da I Exposição Internacional de Arte Russa, realizada na Galeria Van Diemenn (Berlim, 1922).

Rozanova foi uma das mais combativas vanguardistas da arte russa, onde atuou com muita energia e extraordinário talento, criando obras que mostraram sua profunda pesquisa de intensa originalidade. A Composição Decorativa Supremus (1916-1917, guache/ papel, 46 cmx 37,5 cm), se encontra reproduzida (DUROZOI, 1992).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: Il, p. 543.
 

KOVTUN, Y. (Introd., documentary material and annotation); BOWLT, J. (Foreword.). The Russian Avant-Garde in the 1920-1930s: Painting. Graphics, Sculpture, Decorative arts from the Russian Museum in St. Petersburg. Bournemouth: Parkstone Publishers. St. Petersburg: Aurora Art Publishers, 1996, 175p.: il., algumas color., p. 250.

 

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 557.

 

 

CATÁLOGO. LODDER, C., MILNER, J.; BASNER, E.; DJAFÁROVA, S. (Biogr.). La Vanguardia Rusa 1905-1925 en Las colecciones de los Museos Rusos. Madrid: Fundación Central Hispano, Fondación ELF, 1993. 295p.: il., color., p. 44.