Translate

Monday, June 8, 2015

BIOGRAFIA: FILONOV, Pavel Nicolaevich (1883-1941).

BIOGRAFIA: FILONOV, Pavel Nicolaevich (1883-1941). Filonov nasceu em São Petersburgo, de família de origem modesta: foi filho de lavadeira e de cocheiro. Desde cedo tornou-se admirador do mais conhecido dos pintores russos que trabalhava para a nobreza, Mikhail Aleksandrovich Vrubel (1856-1910). Filonov estudou no ateliê (1903), do pintor Lev Efgrafovich Dmitriev-Kavskaxsky (t849-1916): não conseguindo sua admissão através da aprovação no exame regular, ele conseguiu ser admitido como aluno auditor livre e frequentou por quatro períodos a Academia de Belas Artes (São Petersburgo, 1908). Na instituição, Filonov tornou-se aluno do pintor de cenas históricas do Realismo Socialista Soviético, Isaac Israilovih Brodsky (1883/4-1939). Filonov encontrou dificuldades para admitir as regras do ensino acadêmico e tornou-se refratário aos ensinamentos, tanto que foi expulso. O artista escreveu uma carta à Academia e foi readmitido; mesmo assim ele escolheu abandonar o estudo acadêmico. Filonov foi orientado para a criação de arte proletária, não negando suas próprias origens: no entanto, o artista sempre trabalhou de modo individual, tornando-se independente de todas as tendências artísticas, embora tenha sido influenciado pelo Futurismo italiano. O artista participou de várias mostras coletivas das vanguardas russas, no Grupo Mundo da Arte [Mir Iskusstva], então dominado por Alexandre Benois (1870-1960), ao qual pertenceram Leon Bakst (Lev Samuilovich Rosenberg, 1866-1924) e Sergei Pavlovich Diaghilev (1872-1929). Parece provável que obras fantásticas de Filonov tenham participado da dita, Sala Russa, organizada por Diaghilev no Salão dos Artistas Independentes (Paris, 1907). Filonov participou da associação de artistas União da Juventude e com 03 desenhos da primeira mostra coletiva organizada pelo coletivo (1912). Dois anos depois o artista enviou 13 pinturas, 08 aquarelas e alguns desenhos para a mostra anual do grupo (1914). Filonov inseriu-se nas vanguardas artísticas russas e ligou-se ao grupo mais ativo, formado com Mikhail Vasilievich Matyushin (1861-1934), sua esposa Elena Genrikhovna Guro (1877-1913), K. Severinovich Malevich (1878-1935) e Iósif Salomonovich Skolnik (1883-1926), entre outros. Guro promoveu o grupo de escritores Hyleae, com Benedikt Livshits (1886-1938), Vladimir Vladimirovich Mayakovsky (1893-1930), Alexey Eliseevich Krutchenykh (1886-1968) e Velimir Khlebenikov (1885-1922). Foi Mayakovsky quem convidou Filonov para criar os cenários para sua Tragédia, que, patrocinada pela União da Juventude foi encenada no Teatro Luna Park da Ópera Cômica (São Petersburgo, dez., 1913). Filonov executou dois grandes painéis que abriram o prólogo e fecharam o epílogo da peça: o outro cenógrafo da peça foi Iósif Skolnik. Filonov tornou-se amigo próximo de Krutchenykh, que descreveu os cenários e como Filonov pintou-os, em imersão durante dois dias sem comer, isolado. Na época, Filonov ilustrou o livro de poemas de Khlebenikov com 11 desenhos de influência futurista, em perfeita integração com o tema e o texto do autor. O artista compôs o texto e realizou a tipografia do livro (1913). Um dos desenhos desta fase encontra-se publicado no catálogo da mostra retrospectiva de Filonov, no Centro Georges Pompidou (Paris, 1990). No relato extraído das memórias inéditas de Alexey Krutchenykh [Nach Vykhod, 1932], texto traduzido para o idioma francês e publicado no catálogo da citada mostra, relatou que Filonov foi gigante na estatura física, mas inteiramente sacrificado à sua arte. A família sustentou-o com a renda mínima de 30 rublos mensais, permitindo ao artista pintar obsessivamente todo o tempo (1910-). Filonov contou à Khlebenikov como percorreu toda a Rússia a pé, trabalhando por um pedaço de pão, frutas, queijo e vinho. Filonov chegou até Jerusalém, onde relatou que quase morreu de fome, dormindo ao abrigo dos templos da região. O manuscrito de Khlebenikov que relata as aventuras de Filonov, encontra-se nos Arquivos Centrais de Literatura e Arte Russa (folio n. 1334). Filonov publicou seu opúsculo de 14 páginas na linguagem vanguardista Zaum, a que extrai seu sentido do nada, com o título de Cantos sobre a Pobreza do Mundo (1915). Esse texto foi enviado para Khlebenikov por Matyushin, que editou-o em Astrakan, onde se encontrava. O artista fundou o Grupo M.A.A. - Mestres da Arte Analítica (v. abaixo) e publicou O Acabamento dos Quadros, Manifesto do Ateliê Intimo de Desenho e Pintura (São Petersburgo, março, 1914). O documento foi assinado por Filonov e os pintores e também críticos de arte, David Nesterovitch Kakabadze (v. biografia abaixo), Elsa Alfredovna Lasson-Spirova, Anna Mikhailovna Kirilova, Evgueni Konstantinovitch Pskovitinov, O texto do manifesto foi traduzido para o idioma francês por Sonia Zerelanski e encontra-se publicado no catálogo da mostra retrospectiva de Filonov no Centro Georges Pompidou (1990). e Filonov viveu isolado em sua residência e afastado do meio artístico; somente por curto período ele foi amigo de Khlebenikov(1910-1914). Depois da Primeira Guerra Mundial, a amizade terminou e Khlebenikov relatou que nunca mais viu Filonov. Depois que Elena Guro, a esposa de Matiushin e membro destacado das vanguardas russas morreu repentinamente (1913), seu marido, o artista e teórico da arte russa Mikhail Matyushin aproximou-se de Filonov e, durante alguns anos tornaram-se grandes amigos (1915-1916). Filonov, juntamente com Artur Landsberg (1905-1963), Nikolai Ivanovich Evgrafov (1904-1941) e Revekka Mikahilovich Levitan (1906-1987), participou como cenógrafo de vários espetáculos teatrais, como da encenação de Inspetor Geral [Revizor], de Nikolay Vasilyevich Gogol (1809-1852), adaptado por Igor G. Terentev (Mikhail Kalashnikov, 1892-1937), para o palco do teatro da Casa da Gravura (Leningrado, 1927). Quando a exposição Gráfica Utópica Arte Gráfica Russa 1904-1942 esteve no Brasil, trouxe o original do cartaz desta peça como Mestres da Arte Analítica (1927, 82 cm x 56 cm). Essa obra de arte gráfica encontra-se reproduzida no catálogo da mostra russa apresentada no CCBB - Brasília/ Rio de Janeiro (2002). Esse foi o período em que Filonov tornou-se mais conhecido e de alguma forma celebrado como artista proletário. Posteriormente Filonov participou da AkhRR - Associação dos Artistas da Rússia Revolucionária (1925-1928). Em seguida foi organizada a que seria a primeira mostra individual de Filonov, no Museu Russo de São Petersburgo, com texto no catálogo de autoria de Vera Anikieva: no entanto a exposição foi cancelada pouco antes da inauguração (1929). O artista recebeu o artigo crítico de Serguei Isakov, declarando que o motivo do cancelamento foi devido …ao individualismo do artista, pois sua obra tinha sido considerada pelos burocratas como arte de raiz burguesa (1929). Assim Filonov viveu sua maior tragédia: ele nunca conseguiu expor individualmente durante todo o período de sua vida. Foi grande injustiça: Filonov sempre foi um artista completamente russo, desejoso de expressar o seu país e somente este, através de sua estética invulgar. Filonov foi também o artista que lutou muito contra todo o estrangeirismo na arte russa, tanto que atacou radicalmente o Cubismo e esta fase na pintura de Picasso (1912). Filonov opôs seu método analítico ao Cubismo através do artigo Cânon e Lei, que encontra-se nos Arquivos Artísticos da Cidade de Leningrado (Fundo 656). Filonov influenciou os artistas de sua geração e pintou com sua estética fragmentada no estilo mineralógico, que parcialmente lembra os fundos dos quadros de Vrubel de mesma tendência estética, que Filonov classificou como duplo naturalismo. Esta fase de sua pintura foi composta por miríade de fragmentos, inseridos na obra de estética expressionista pessoal. O artista pintou muitas obras originais nas quais emergiu certo primitivismo na sua concepção: em muitas obras falta conclusão, mesmo que conclusa esteja na tela, pois faltou harmonia na completude da composição, provavelmente expressando o muito que faltou na vida do artista. Durante o sítio de Leningrado, na Segunda Guerra Mundial, Filonov morreu de frio e fome juntamente com outro de seus colaboradores, seu amigo, o pintor e cenógrafo Nicolai Ivanovich Evgrafov (1904-1941). A mostra que foi recusada ao artista durante sua vida foi-lhe concedida 60 anos depois, como retrospectiva, no mesmo Museu Nacional Russo de São Petersburgo (1989), itinerante ao Centro Georges Pompidou (Paris, 15 de fevereiro -15 de abril, 1990, itinerante à Dusseldorf (Alemanha). A exposição revelou ao mundo a obra fantástica, complexa, rica e variada de Filonov, embora algo irregular nas suas qualidades plásticas, o que traiu certa falta da formação erudita do artista. Filonov foi escritor de manifestos e cenógrafo: ele criou cenografia tão fantástica como suas pinturas, para várias peças de Vladimir Maiakovsky encenadas em Moscou. Algumas de suas guaches para cenários teatrais participaram da mostra Arte Cenográfica, Rússia, 1900-1930 [Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna], na Galeria Electa e suas reproduções encontram-se publicadas no catálogo da mostra (Milão, 1992). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, p. 101. CATÁLOGO. KRENS, T.; GOVAN, M.; GUSEV, V.; PETROVA, E.; KOROLEV, I. WEBER, J.; GRASSNER, H.; LODDER, C.;.WEBER, J. The Great Utopia: The Russian and Soviet Avant-Garde, 1915-1932. Shirn Kunsthalle, Frankfurt: 01-10May, 1992. Stedelijk Museum, Amsterdam; Salomon R. Guggenheim Museum, New York. New York: Salomon R. Guggenheim Museum, Rizzoli, 1992, 732 p.: il. 31.5 x 23.5 cm. CATÁLOGO. KOVTUN, Evgueny; STANISLAS, Zadora; OUVRIARD, Nicole. Filonov, Paris: Éditions du Centre Georges Pompidou - Musée Russe de Leningrad, 1990, 1990, 1998. 259p.: il., pp. 32- 186. CATÁLOGO. LODDER, C., MILNER, J.; BASNER, E.; DJAFÁROVA, S. (Biogr.). La Vanguardia Rusa 1905-1925 en Las colecciones de los Museos Rusos. Madrid: Fundación Central Hispano, Fondación ELF, 1993. 295p.: il., color., 28 x 24 cm. CATÁLOGO. PETROVA, Y.;; KIBLITSKY, J.;RODRÍGUEZ, A.; ATHAYDE, R. de; COCHIARALLE, F. Virada Russa: a Vanguarda na Coleção do Museu Russo de São Petersburgo. Tradução de Elena Vassina, Alexander Borodin e Joseph Kiblitsky. São Paulo: set. - nov. 2009. 226p.: il., color., 32.5 x 25.5 cm. GIBSON, M. Symbolism: Figures du Moderne, 1905-1914. Cologne: Taschen, 1995. 255p.: il., p. 232. INTERNET. The Union of Youth. P. D. Potipaka. Retrieved in: INTERNET. The Union of Youth. P. D. Potipaka. Retrieved in: http://books.google.com.br/books?id=p3O8AAAAIAAJ&pg=PA108&lpg=PA108&dq=P.+D.+Potipaka&source=bl&ots=MKoXmRHz4y&sig=YArHXnW_bTCAeHvGJ3ivksoYnU0&hl=pt-BR&sa=X&ei=zyEOVK-GBvaJsQS_yoHQBw&ved=0CCgQ6AEwAQ#v=onepage&q=P.%20D.%20Potipaka&f=false-Acessed: September 8, 2014. PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, pp.80, 176.

No comments: