Translate

Sunday, December 25, 2011

MATIUSHIN, Mikhail Vasilyevich (1861-1934).


O artista plástico, músico e teórico das vanguardas russas, nasceu em Nizhni-Novgorod e morreu em Leningrado. Matiushin estudou no Conservatório de Música (Moscou, 1876-1881) e foi violinista da Orquestra Sinfônica Imperial na côrte do Czar Nicolau II (São Petersburgo, 1882-1913). No mesmo período, Matiushin cursou a Academia de Belas Artes e estudou pintura, no ateliê do pintor e grande cenógrafo e, principalmente figurinista, Léon Bakst (1866-1924), onde conheceu sua futura esposa, a artista plástica, ilustradora, poetisa e escritora Elena Guro (1877-1913).

Um grupo de vanguardistas encontrou-se nesta época e tornaram-se amigos: foram os irmãos Burliuk (David, Ivan e Nicolay), Velimir Khlebnikov (1885-1922), Alexey Kruchenykh (1886-1968), Benedikt Livshits (1886-1938), Vladimir Mayakovsky (1893-1930) e Kasimir Malevich (1878-1935). A residência de Matiushin e Guro, se transformou no local preferido das reuniões dos artistas das vanguardas russas (1908-). Foi fundado o Grupo Hyleae (São Petersburgo, 1910-1913), com os poetas e escritores citados e a participação de Guro, entre outros.

Matiushin apresentou pinturas nas mostras da associação de artistas União da Juventude [Soyuz Molodhezi], que ele organizou em São Petersburgo com Olga Rozanova (1886-1918). Matiushin tornou-se o editor dos livros desse grupo, e publicou várias Antologias de Contos do Grupo Hyleae, como O Parnasus que Ruge, Uma Armadilha para juízes, O Estúdio Impressionista, além de publicar vários livros de Guro e de Khlebenikov. Matiushin continuou com suas atividades musicais e musicou poemas de sua esposa, Guro, como Hurdy Gurdy (1909); Sonho de Outono (1912) e Don Quixote (1915), sendo a última obra póstuma, pois Guro faleceu repentinamente (1913).

Durante o primeiro e único Congresso Pan-Russo dos Bardos do Futuro: Poetas Futuristas, grupo que associou K. Malevich, A. Kruchenykh e o próprio Matiushin reunidos nas férias de verão na Dacha de Matiuskin (Uuisikirkko, Finlândia, junho, 1913). Na época os artistas elaboraram em conjunto a ópera Vitória sob o sol, com libreto de Khruchonykh, cenários e figurinos Cubo-Futuristas de Malevich e música de Matiushin. A ópera foi encenada com patrocínio do Grupo União da Juventude, no Teatro Luna Park da Opera Cômica (São Petersburgo, 5 de dez., 1913). A única récita da encenação pecou pelo diletantismo da apresentação, o que provocou a mais intensa revolta no público, que gritava - Abaixo os Futuristas! (HULTEN, 1986).

Matiushin dirigiu o estúdio do dito, Realismo Espacial (1919-1922), nos ateliês livres das SVOMAS em Petrogrado [PETROSVOMAS]. O artista russo continuou suas pesquisas sobre o espaço e cor na Seção da Cultura Orgânica (1923-1926). Trabalhando junto com seu assistente, Bóris Ender (1893-1960), Matiushin continuou com suas pesquisas conceituais sobre as possibilidades de ampliação do campo visual através da perspectiva, obra que publicou no livro intitulado Colour Primer (Moscou/ Leningrado, 1926). Matiushin desenvolveu a nova teoria sobre a percepção abrangente da relação Espaço/ Cor. Estudando as possíveis variações das relações entre as cores, teoria apoiada e desenvolvida através da criação da série de obras abertas, compostas por três elementos coloridos: as cores principais, as básicas e as cores, ditas, ambientais. Matiushin, juntamente com Malevich, ascendeu ao posto de diretor das GINKHUK (1927-).  Obras de Matiushin foram divulgadas por Kasemir Malevich, que levou algumas pinturas para participarem de mostra no Museu Stedelijk (Amsterdã).

Muito pouco sobre este artista conceitual chegou ao mundo ocidental: somente alguns fragmentos de seu amplo e profundo trabalho foi publicado, permanecendo inéditos vários de seus textos e documentos, depositados nos arquivos russos que permanecem desconhecidos na arte das vanguardas ocidentais. Um quadro de Mikhail Matiushin, expressando as avançadas teorias do artista esteve em exposição na mostra 500 anos de Arte Russa apresentada na Oca do Parque do Ibirapuera (São Paulo, 2002). A mesma obra, Movimento no Espaço (1921, óleo/ tela, 124 cm x 168 cm), legada pelo artista ao Museu de Cultura Artística (Leningrado, 1928), participou da mostra Virada Russa, no CCBB (2009) e encontra-se com sua fotografia reproduzida (HULTEN, 1986). 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs.

CATÁLOGO. PETROVA, Y.; KIBLITSKY, J.;RODRÍGUEZ, A.; ATHAYDE, R. de; COCHIARALLE, F. Virada Russa: a Vanguarda na Coleção do Museu Russo de São Petersburgo. Tradução de Elena Vassina, Alexander Borodin e Joseph Kiblitsky.  São Paulo: set. - nov. 2009. 226p.: il., color., 25.5 x 32.5
cm, pp.520-521.

No comments: