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Sunday, February 19, 2012

DIAGHILEV, Sergey Pavlovich (1872-1929).

Diaghilev nasceu em Novgorod e faleceu em Veneza. Quando ele exerceu a função de assessor do Príncipe Sergei Mikhailovich Volkonski, diretor apontado pelo Czar para o Teatro Imperial, o artista foi encarregado de editar o Anuário Teatral, que documentava todas as apresentações anuais dos principais teatros de Moscou e São Petersburg (1899). O futuro empresário da Companhia Teatral S. P. Diaghilev, promotora de espetáculos musicais, concertos, óperas e Balés Russos (Paris, 1909-1929), transformou esta edição em livro sensação. Diaghilev não permaneceu no cargo com Volkonski, mas a permanência de aproximadamente um ano vivido no coração do Teatro Imperial, fê-lo conhecer as coxias e os melhores bailarinos(as). Posteriormente, seu olho clínico possibilitou-lhe escolher para sua companhia os mais jovens, os mais belos e talentosos como Tamara Kasarvina, Anna Pavlova, Félia Dubroska e Vaslav Nijinsky, entre outros, que, com sua arte aturdiram o Ocidente. 

Diaghilev organizou algumas bem sucedidas mostras de arte na Russia, pois foi um dos fundadores do Grupo Mundo da Arte [Mir Iskusstva], que editou a publicação homônima [Mir Iskusstva]. Diaghilev viajou para Paris, onde organizou a primeira Sala Russa, no Salão de Outono (1906), onde apresentou c. de 450 obras de arte russa. No ano seguinte Diaghilev organizou a Temporada Russa, onde apresentou com imediato sucesso balés e ópera (Paris, 1907). Dois anos depois Diaghilev fundou a Empresa Teatral S. P. Diaghilev (Paris, 1909-1929).

Empreendedor, visionário, Diaghilev chamou os mais importantes talentos das artes plásticas, tanto da Rússia bem como da França, Espanha e Itália, entre outros europeus para criação de música, cenografia e figurinos dos espetáculos que apresentou. Quando os espetáculos promovidos na Europa permitiram-lhe recursos, S. Diaghilev patrocinou a asociação de artistas Mundo da Arte [Mir Iskusstva] (1910-1924), que levou adiante a apresentação de mostra anual (1911-1922). Nesse grupo de talentosos artistas russos e soviéticos, Diaghilev encontrou os principais cenógrafos e figurinistas que mais contribuíram para o grande sucesso de suas produções teatrais de vanguarda. Entre os destaques os principais artistas plásticos e cenógrafos de sua companhia, Léon Bakst, Alexandre Benois eNicolai Roerich, bem como outros excelentes profissionais como Naum Gabo e seu irmão Anton Pvsner, Mikhail Larionov, Natália Goncharova, Léopold Survage, Pavel Tchelitchev, Georgi Iaculov, que Diaghilev misturou aos cenógrafos e figurinistas franceses convidados como Christian Bérard, Pierre Bonnard, Gabrielle Coco Chanel, Robert Delaunay, Sonia Delaunay, André Derain, Marie Laurencin, Henri Laurens, Georges Rouault e Roberto Montenegro; que misturou aos espanhóis Pablo Picasso, Pedro Pruna e José Maria Sert; e aos italianos Giorgio De Chirico e Giacomo Balla, entre outros. Anton Stepanovich Arenski, Aleksandr Glazunov e os russos do Grupo dos Cinco (v.); aos franceses Claude Debussy, Erik Satie, Maurice Ravel, Emmanuel Chabrier, Charles Gounod, bem como aos músicos do dito, Grupo dos Seis, entre outros, como o espanhol Manuel de Falla, que se tornaram icones da música clássica no século XX.

Participaram dos Balés Russos compositores e músicos russos, que Diaghilev conheceu quando foi aluno de Nicolay Rimski-Korsakov, que conselhou-lhe desistir da carreira musical por falta de talento. O artista, agora empresário, produziu originais espetáculos musicados por Igor Stravinski, Sergei Prokofiev, Nikolai Rimski-Korsakov, Piotr Tchaikovski,  Sergei Rachmaninov,

E os bailarinos e coreógrafos russos Vaslav Nijinsky, Bronislava Nijinska, Michel Fokine, Leonid Massine e George Balanchine. Diaghilev apresentou vários balés com música de Igor Stravinski, sendo que ele encomendou-lhe inicialmente a versão orquestral adaptada de valsa de Fréderic Chopin para Chopiniana (Paris, 1909). A primeira récita de balé com essa música foi apresentada com coreografia de Michel Fokine no Teatro Maryinsky (Moscou, fevereiro, 1907).

 
O empresário russo promoveu artistas russos na França e apresentou artistas franceses na Europa, estabelecendo verdadeira ponte viva entre várias culturas. A companhia de Diaghilev viajou por todo o continente europeu, tendo como um de seus principais destaques, durante dez anos, o bailarino e coreógrafo Vaslav Nijinski, que criou coreografias inesquecíveis como para o poema musicado por Claude Debussy, o L'Aprés midi d'un faune, entre outras notáveis coreografias como para o Bolero, de Maurice Ravel, que, no entanto, estreou posteriormente com os Balés de Monte-Carlo de Ida Rubinstein, antiga bailarina da Companhia S. P. Diaghilev.

Diaghilev foi o verdadeiro embaixador da arte russa na Europa: os espetáculos foram encenados no Teatro da Ópera (Paris, 1908; 1910; 1924); no Teatro Châtelet (Paris, 1909; 1911: 1912); no Teatro dos Campos Elísios (1913); no Teatro Covent Garden (Londres, 1912); e no Teatro Drury Lane (Londres, 1913). A estréia italiana foi no Teatro Costanzi (Roma, 1911). Nesse mesmo teatro Diaghilev apresentou a cenografia Futurista de Giacomo Balla para a música de Igor Stravinsky, Os fogos de artificio [Feu d’artifice]. Os Balés Russos também se apresentaram em turnê reduzida nos teatros de San Sebástian e Madri.

Durante Primeira Guerra Mundial, Diaghilev organizou para seus Balés Russos [Ballets Russes] a única turnê realizada nas Américas, do Norte e do Sul, levando Vaslav Nijinsky como sua principal estrela. Diaghilev acompanhou sua companhia na viagem de ida para a América do Norte, mas voltou em seguida para a Europa. A companhia viajou por 18 cidades americanas, mostrando sua arte nas maiores metrópoles do pais. Depois de dançar com sucesso em várias cidades norte-americanas como Boston, Albany, Detroit, Chicago, Cinccinatti, Cleveland, Pittsburg, Washinghton, Filadélfia, Milwaukee, Minneapolis e Kansas City, a companhia se apresentou na Metropolitan Opera House (Nova York, 3 abril, 1916). Os Ballets Russes viajaram de navio para apresentações na América do Sul: no Rio de Janeiro, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires. No repertório, dois balés com músicas de Igor Stravinsky: O Pássaro de Fogo e Petruschka. No Rio de Janeiro ocorreu o desastroso incêndio que resultou na perda total dos cenários de alguns balés. O outro desastre ainda mais grave para a companhia de S. Diaghilev, foi o casamento de sua principal estrela, o bailarino Vaslav Nijinsky com a húngara Rômula de Pulszky, realizado antes mesmo do navio chegar a seu primeiro destino americano (setembro, 1916). Este casamento foi fator preponderante na loucura que acometeu o jovem bailarino, até então amante de Diaghilev: ele ficou alienado e passou o resto da vida internado em instituição européia para doentes mentais. A última apresentação da vida de Nijinski ocorreu nessa turnê; a companhia voltou para a Europa em novembro do mesmo ano (1916).

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