Translate

Wednesday, October 24, 2012



HISTÓRIA DAS VANGUARDAS RUSSAS E SOVIÉTICAS. BIOGRAFIA: CHAGALL, Marc (1887-1985).

O artista russo nasceu em Vitebsk (atual Ucrânia) e morreu em St.-Paul de Vence (França). O pintor se tornou muito conhecido na arte francesa; Chagall emigrou para Paris (1911), quando participou do Grupo da Colméia (La Ruche), residência – ateliê decadente, moradia de vários artistas e escritores que se destacaram nas vanguardas internacionais. Chagall encontrou no local a intelectualidade, a instigante riqueza cultural de artistas e escritores vanguardistas. Chagall tornou-se amigo de muitos intelectuais além do casal Robert Delaunay e dos poetas Blaise Cendrars, Guillaume Apollinaire e Riciotto Canudo (v. biografias).
 
Chagall executou inúmeras pinturas, cuja maior característica foi a fantástica poesia visual aliada a delirante fantasia do artista em cores maravilhosas, com amantes que flutuavam unidos no céu multicolorido, violinista no telhado, vacas voando entre outros insólitos animais flutuantes. Os temas de Chgall nasceram das ricas imagens do folclore da cultura popular russa e dos temas bíblicos: Chagall foi artista único, que não se filiou a nenhuma escola. No entanto, alguns movimentos de vanguarda como o Fauvismo, o Cubismo e o Futurismo, interessaram-no. Alguns historiadores comentaram (HULTEN, et al., 1986), que pinturas como O Poeta (1911), Adão e Eva (1912), e Gólgota (1912) certamente carregaram influências do Futurismo e do Orfismo (v.). Talvez o artista tenha visto as obras dos Futuristas mas qualquer que tenha sido a influência, Chagal transformou-a, de sua própria maneira. No entanto Chagall não encontrou-se sem afinidades com os Futuristas, pois o artista foi inimigo da lógica. A Homenagem a Apollinaire (1911-1912) foi talvez sua obra mais Futurista; a figura andrógina de duas cabeças, o homem original e o homem do futuro, aparecem no centro de grupo de círculos em roda entre discos coloridos, em que os números marcando o tempo quase desapareceram nas formas geométricas, mostrando na posição dos quatro pontos cardeais os nomes de Apollinaire, Walden, Cendrars e Canudo, todos representando horizontes culturais radicalmente diferentes.

Chagall expôs no Salão dos Artistas Independentes (mar., 1913); no salão seguinte, o XXX Salão (1914); e neste mesmo ano Chagall expôs na sua primeira mostra individual, na Galeria da Tempestade de Herward Walden (Berlim, 1913). Na Alemanha, Chagall conheceu considerável sucesso; suas mostras levaram seus passos de volta até sua amada terra natal, Vitebsk, na viagem que empreeendeu em busca de sua noiva russa, Bella Rosenfeld, com quem ele se casou (1915). A deflagração da I Guerra Mundial obrigou o artista a permanecer na Rússia; as pinturas de Chagall começaram a participar das mostras das vanguardas russas, como A Diana (São Petersburgo, mar. – abr., 1915), e da mostra do Grupo Valete de Diamantes, organizado por Mikhail Larionov (Moscou, nov., 1916). A volta de Chagall a Rússia durou longos oito anos.

Logo depois da Revolução Russa (1917) Chagall foi nomeado Diretor de Assuntos Culturais (Vitebsk, 1919). Para a arte da URSS foi produtiva a volta de Chagall ao país, pois, juntamente com W. Kandinsky, expulso da Alemanha e que também voltou ao país natal, foram encarregados do departamento de compras da IZO NARKOMPRÓS para os recém-fundados Museus de Cultura Artística [M.C.A.]. Na primeira mudança dos rumos da política soviética apontando o fechamento da orientação política soviética que estatizou a arte (1921-), o artista viajou para Berlim na companhia de W. Kandinsky e deixou na Rússia grande parte de suas pinturas, esboços e desenhos produzidos no longo período. Kandinsky permaneceu na Alemanha onde tornou-se professor da Bauhaus e Chagall voltou à Paris, onde se aproximou do Grupo do Surrealismo e participou de algumas mostras francesas.

Chagall foi muito homenageado, recebeu vários convites, e ilustrou inúmeros livros; ele pintou a cúpula da Ópera de Paris. Durante a II Guerra Mundial Chagall viajou para Lisboa e de lá para os Estados Unidos, onde executou inúmeros cenários e figurinos teatrais. Depois da guerra Chagall voltou a viver na França; o artista fixou sua residência no sul do país, em Saint Paul de Vence (1949), onde executou cerâmicas, tapeçarias, esculturas, gravuras e pinturas (1950-1960). O artista também criou imensos vitrais para a catedral de Metz e para Hadassah, cidades próximas de Jerusalém (Israel).

Depois que sua esposa Bella faleceu, Chagall se casou novamente com sua secretária Valentina (Vavá) Brodsky, russa que emigrou para a França (1952-). Chagall morreu com idade avançada e consagrado internacionalmente como artista de vanguarda. A sua obra Auto-Retrato (1914, óleo/ tela, 43,5 cm x 32,0 cm) e Primavera (aquarela/ papel/ cartão, 64,0 cm x 48,3 cm), integram o acervo do MAC - USP. A obra lírica e poética de Chagall Ramalhete com amantes voadores (1934-1947), se encontra reproduzida (GAUNT, 1973); o belo teto que Chagall pintou para a Ópera de Paris encontra-se reproduzido (DUFOURCQ, 1976); a fotografia de Chagall no interior de seu estúdio, na Colméia [La Ruche], encontra-se publicada (WEST, 1990).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
ARGAN, G. C. Arte Moderna. Biografias de Lara Vinca-Massini. Tradução de Denise Bottmann e Federico Carotti. São Paulo: Editora Schwarcs, 1992, pp. 658-659.

DUFOURCQ, N. (org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, p. 385.

GAUNT, W. The Surrealists. London: Thames and Hudson, 1975, p. 65.

KAMENSKY, A.; ALBERT-YOUNG, J.; D´HAUTEVILLE, I. Chagall: période Russe et Sovietique, 1907-1922. Paris: Éditions du Regard, 1988, pp. 24-49.

KOGAN, A. Chagall. Chronology by Amy Handy. New York: Abeville, 1989, pp. 116-124.

WEST, S. Chagall. New York: Gallery Books, 1990, pp. 11-19


 

No comments: